19, Março 2021
Rio do Prado: o hotel do ambiente
Junto à Lagoa de Óbidos, a maior em Portugal continental e também uma das zonas húmidas de elevado valor económico e ambiental, há um hotel que tem a sustentabilidade nos alicerces: o Rio do Prado, focado num turismo sustentado e numa atividade hoteleira ecológica.
Junto à Lagoa de Óbidos, a maior em Portugal continental e também uma das zonas húmidas de elevado valor económico e ambiental, há um hotel que tem a sustentabilidade nos alicerces: o Rio do Prado, focado num turismo sustentado e numa atividade hoteleira ecológica.
As características do meio envolvente fizeram com que a construção do Rio do Prado, inaugurado em 2012, fosse pensada de raiz para causar o menor impacto ambiental possível. Assim e com o objetivo de não ferir a paisagem em redor, os quartos são independentes do hotel, formando cubos cobertos de vegetação e abertos à paisagem.
O design é inovador, não quebra a vista natural e é também sustentável. Isto porque todos os pormenores foram criados no sentido de reduzir o impacto do hotel naquela região. O Rio do Prado pode, assim, caracterizar-se por ser um hotel inserido numa economia circular.
O exterior é composto por um extenso relvado que se prolonga na cobertura verde dos quartos. No recinto só se circula a pé ou de bicicleta que o hotel também disponibiliza. Aqui existem dois lagos que, mais do que parte da paisagem, têm a função de captar a água das chuvas. O Spa possui duas piscinas exteriores, sauna, banho turco, float room e um programa de massagens. Além do restaurante, o empreendimento tem também espaço de leitura e um bar junto a um dos lagos, de onde se pode observar o pôr do sol.
As paredes dos quartos são em betão e contam com uma elevada percentagem de cinzas recicladas provenientes de centrais termoelétricas. As grandes janelas dão um retoque estético e simultaneamente ajudam à climatização natural, tal como acontece com as portadas de eucalipto reutilizado e proveniente da floresta circundante.
A decoração segue o mesmo princípio da reutilização: as portas e as molduras dos espelhos foram criadas a partir de resíduos das madeiras da obra de construção. Os tapetes produzidos de sobras de tecidos; os puxadores das portas com sobras de cordas e as mesas de apoio e outras decorações feitas a partir de reaproveitamentos de madeira de carvalho.
Para os quartos foi também desenvolvido o software “Eco-easy” que faz a leitura dos consumos de eletricidade e água com o intuito de sensibilizar os hóspedes. Esta ferramenta, constituída por um conjunto de contadores múltiplos, permite ver, num canal específico de cada televisor, o peso da pegada criada e ainda compensar eventuais excessos, beneficiando de uma “carbon rate”.
Toda a iluminação do hotel é LED, a eletricidade é produzida através de uma horta fotovoltaica e o aquecimento da água é feito recorrendo a painéis solares.
Aqui, as águas provenientes de banhos, as chamadas águas cinzentas, são tratadas e o abastecimento dos autoclismos é feito com água reciclada. As águas pluviais são drenadas, armazenadas em lagos e reservatórios e utilizadas depois na rega das plantas.
Há também espaço para uma horta e um pomar biológicos que utilizam uma adubação feita por vermicompostagem, isto é, uma forma mais rápida de compostar resíduos orgânicos recorrendo a minhocas. A agricultura aqui praticada é baixa em carbono, pois o principal objetivo é abastecer diretamente o restaurante do hotel, o Maria Batata, bem como a mercearia disponível para os hóspedes. Os excedentes de produção são vendidos em mercados locais, procurando, mais uma vez, reduzir ao mínimo a pegada carbónica.
No Rio do Prado há ainda um atelier, o Ecolab, que promove o eco-design, produzindo e vendendo novas peças provenientes de reaproveitamentos. Aqui acolhem-se também produtos de outros artistas dentro da mesma vertente.
Criado para se incluir na paisagem e não ferir o ambiente onde se insere, o Rio do Prado é um lugar a não perder.