Almada dá palco a uma exposição que retrata a vida em Manila, nas Filipinas. Porquê saber mais sobre esta região do mundo? A resposta está na quantidade de lixo que aqui se acumula. O fotojornalista Mário Cruz convida os curiosos, através da sua lente, a saber mais sobre o quotidiano de quem vive entre o que é deixado para trás. As portas estão abertas até 30 de dezembro, de quinta a domingo e aos feriados. A entrada é livre e a oportunidade a não perder.

Quando pensa em rio, que imagem lhe vem à cabeça? Água límpida? Margens verdes? No rio Pasig, em Manila, a realidade está longe de ser assim. Considerado um curso de água sem vida biológica desde a década de 1990, olhar para este rio é praticamente impossível dado o volume de resíduos que nele circulam.

Durante um mês, o fotojornalista português duplamente premiado pelo World Press Photo, Mário Cruz, acompanhou o quotidiano das pessoas que fazem do lixo as suas casas e o seu ganha-pão, num local que já foi um centro económico, mas que agora está condenado a ser o esgoto da cidade.

Estima-se que, anualmente, sejam depositadas nas margens deste rio mais de 30 mil toneladas de lixo. A quantidade de resíduos que aqui se encontram é tal que há zonas onde é possível atravessá-lo a pé de uma margem à outra.

É possível atravessar este rio a pé devido ao lixo

Mário Cruz acredita que são os cenários longínquos e esquecidos como estes a essência do fotojornalismo. As imagens que captou com uma máquina de fotografias instantâneas ganham agora luz e a possibilidade de serem vistas pelo público através de trabalhos de grande dimensão que retratam os cenários de sobrevivência de diferentes famílias.

É nesta exposição que ganham novo público. Composta por fotografias, originais e de grande escala, colagens e uma instalação com toneladas de lixo, a mostra pretende recriar o cenário que o fotojornalista observou.

O local escolhido para dar casa à exposição é o edifício da antiga União Elétrica Portuguesa, agora inutilizado. A escolha não foi um acaso: “Este local esquecido pelo tempo, com materiais gastos, objetos destruídos, remete para o cenário que encontrei nas Filipinas”, afirma Mário Cruz.

A juntar à questão estética está a proximidade com o Tejo. Nas palavras do fotojornalista, “Almada e o rio Tejo são um só”, razão pela qual acredita que os visitantes serão especialmente sensíveis ao tema. “É, de facto, uma localização única para uma exposição que tem dois propósitos: alertar e refletir”, conclui.

Aberta ao público até ao final do ano, o trabalho de Mário Cruz está em exposição na Rua Bernardo Francisco da Costa, no Antigo edifício da União Elétrica Portuguesa, às quintas e sextas-feiras, das 15:00 às 19:00 e aos sábados, domingos e feriados, das 10:00 às 19:00.