Sabia que a sua roupa usada pode ser reciclada e utilizada para acolchoamento ou revestimento térmico quer de casas, quer de carros? É verdade, já é possível fazer reciclagem de alguns têxteis em fim de vida e, de acordo com a União Europeia, até 2025 todos os Estados-membros terão de fazer este tipo de recolha.

A Comissão Europeia estima que por cada quilo de têxtil reciclado se evite a emissão de três quilos de CO2 para a atmosfera. Mas a reciclagem destes materiais ainda dá os primeiros passos. Quem o diz, em declarações à RECICLA, é o diretor-geral do CITEVE, Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário, António Braz Costa: “A reciclagem de roupa em fim de vida ainda é muito complicada e, por isso, é também alvo de desenvolvimento e de investigação, que está a ser feita por vários institutos no mundo e Portugal não é exceção”.

E a prova de que não é exceção está nas várias empresas que se ocupam da recolha e da possível reciclagem da roupa usada. Uma delas é a Ultriplo, uma empresa sediada em Braga, mas que possui contentores na maioria dos distritos do país. Ruas, postos de combustível, hipermercados são algumas das localizações. Os seus recipientes verde-alface explicam as regras do depósito, bem como o que se pode e o que não se pode lá colocar.

Depois de ali depositar as roupas de que já não precisa, está a dar uma de três possibilidades aos seus têxteis em fim de vida: reciclagem, reutilização, ou entrega para ação social.

À RECICLA, um dos responsáveis da empresa, Jorge Dias, descreveu o processo: “Após a recolha, os resíduos são separados através de uma série de critérios como a qualidade, o tecido e até mesmo a marca”.  Após a triagem, as roupas que ainda estão em condições de serem usadas são doadas a instituições, respondendo a pedidos que a própria empresa recebe. Trinta e cinco por cento é encaminhado para reciclagem e apenas 5% acaba em aterros.

A reutilização e o upcycling revelam-se, para já, as alternativas mais viáveis para reaproveitamento destes materiais. Apesar de ser possível alguma reciclagem, a mistura do tipo de fibras que dão origem a uma só peça de vestuário compromete este processo e, nalguns casos, inviabiliza-o mesmo.

António Braz Costa dá-nos conta do que já é feito nesta indústria ao nível da reciclagem: “A grande quantidade de materiais têxteis que estão a ser reciclados de uma forma muito interessante são os resíduos industriais, onde é possível fazer uma separação antes”. Isto é, separar fios, tecidos, malhas e desperdícios resultantes da produção para os reaproveitar e criar novas fibras.

Só a Ultriplo recolhe cerca de seis mil toneladas por ano. Dados da Agência Portuguesa do Ambiente apontam para que 200 mil toneladas de têxteis tenham como destino o lixo, todos os anos.

Há, pois, um longo caminho a percorrer. Mas, depende de cada um contribuir para um fim mais sustentável para os têxteis. Enquanto a reciclagem não se generaliza, procure reutilizar as suas roupas ou dê-lhes uma nova vida, colocando-as em contentores como os da Ultriplo. Cada peça de vestuário que não vai para o aterro é uma vitória: afinal, o tecido de algodão pode levar 10 a 20 anos a decompor-se e um tecido sintético leva 100 a 300 anos.