Carta ao Leitor – Sofia Guedes Vaz

Caro(a) Leitor(a) da RECICLA,

Plástico, plástico meu

É muito útil o plástico, talvez até demais e invadiu-nos a vida. Ainda bem que se pode reciclar. Toda a gente põe os plásticos no ecoponto amarelo, é inevitável e inescapável. Por isso fico admirada quando, aí pelas ruas das cidades, se vê alguns pelo chão. Não sei bem porquê, porque além da reciclagem, já ninguém deita lixo no chão, mas que lá vai parar, assim como que por magia, vai. Em passeios pelo campo, ou em florestas também um plásticozinho fica sempre bem, para dar uma corzinha ao verde monótono. Nas praias, é raro não se encontrar uma ou outra embalagem que não dava muito jeito ir pôr no ecoponto, “é tão longe – e está-se tão bem aqui na toalha”, ou que tenha sido trazido pelo mar.

Cotonetes e tampas de garrafas são um clássico. Depois há as fotografias impressionantes de plástico nas águas de rios e mares. As redes sociais gostam e toda a gente comenta o horror. Uma fotografia de uma ave marinha a quem abriram o estômago e estava cheia de plásticos impressionou-me muito, um dia. Não me lembro se também partilhei.

Agora aparecem as histórias do percurso do plástico dentro de nós. A aventura total. Primeiro chegou ao estômago porque foi encontrado em fezes humanas, ultimamente descobriu-se que também já andava a passear pelo nosso sangue e a derradeira descoberta foi a existência de microplásticos nos pulmões. A vitória total. Fomos conquistados. Viva o plástico.

Boas leituras.
Sofia Guedes Vaz

Diretora de S.714 Sustentabilidade e Ética e coautora do Podcast Ecosofia X do Expresso e apoiado pela Sociedade Ponto Verde