Carta ao Leitor – Tiago Matos

Caro(a) Leitor(a) da RECICLA,

A minha caminhada pela sustentabilidade começou muito cedo. A verdade é que sempre fui uma pessoa preocupada com as questões ambientais. Lembro-me de ver as notícias sobre as alterações climáticas e desastres climáticos na televisão e ficar fisicamente ansioso e com sentimento de impotência, ao ponto de chorar. Senti que era o único assim. Hoje, graças à Green Tribe, já não o sinto.

O meu maior trigger para a mudança foi o documentário “Cowspiracy”, que me alertou para o impacto ambiental da indústria pecuária. Nesse momento, comecei a responsabilizar-me por muitas das minhas ações no planeta e comecei por deixar de comer carne e peixe. Acredito que a redução da proteína animal é dos gestos com maior impacto para mitigarmos as alterações climáticas.

Mais tarde, senti que já não era suficiente e embarquei na aventura do zero waste, numa vida mais minimalista e com menos desperdício. Aconteceu porque uma amiga me perguntou numa ida às compras “porque vais levar um saco de plástico para fruta se podes levar na mão ou trazer um de casa?”. Esta pergunta mudou a forma como comprava e passei a introduzir as compras a granel na minha vida. É uma ótima forma de combater o desperdício alimentar, uma vez que apenas compramos o que precisamos.  

Durante este caminho, também comecei a fazer compostagem, a trocar produtos descartáveis por produtos mais duradouros, como guardanapos de pano, a apoiar mais marcas nacionais, a comer mais local e sazonal. E até deixei de usar papel higiénico!

Mas, não se assustem! O que mais aprendi neste percurso é que não podemos ser perfeitos. Primeiro, porque não dá e depois porque não é saudável para a nossa mente. Cada pessoa tem um ritmo diferente na sua caminhada e é importante respeitar isso. O segredo está no equilíbrio e na evolução gradual.

Eu dou sempre quatro conselhos que considero fundamentais para iniciarmos uma vida mais sustentável:

  • Reduzir a proteína animal na nossa alimentação;
  • Reduzir o desperdício alimentar (primeiro reduzir a comida que vai para o lixo e depois compostar o que não conseguimos prevenir);
  • Mudar a nossa energia da casa para uma energia verde;
  • Ser um cidadão ativo, que vota com consciência, e um consumidor ativista, que deve reivindicar os seus direitos e comprar os produtos mais ecológicos (dentro da sua possibilidade, claro).

Tiago Matos
Engenheiro do Ambiente, autor do ebook “Compostagem Doméstica – Guia para compostares em casa”