De um material tão polivalente como o plástico já esperamos de tudo. E tudo vale para combater o desperdício e fomentar a economia circular. Do Brasil chega-nos a Muzzicycles, a bicicleta urbana ecologicamente correta

Primeiro, os plásticos são cortados em pequenos pedaços que depois são triturados até ficarem em grão. A estes junta-se uma mistura química que permite tornar o material mais resistente, como por exemplo ao calor do sol. A pasta obtida é colocada numa máquina que a injeta num molde, durante, no máximo quatro minutos, seguindo-se o arrefecimento. Cinco horas mais tarde, o quadro (armação) da bicicleta — o componente mais importante que determina o preço, peso e desempenho deste veículo de duas rodas —, está pronto. A este método, o seu inventor, o empresário uruguaio radicado no Brasil Juan Muzzi, chama Processo de Desenvolvimento Limpo (PDL).

Cerca de 120 quilos de plástico são suficientes para produzir o quadro desta bicicleta que não enferruja, não precisa de solda, pintura ou amortecedores, além de ser mais leve (tem aproximadamente 15-16 quilos) e barata do que a tradicional de metal. A garantia é vitalícia. Até à data, já foram reciclados quase 16 toneladas de plástico de embalagens, que se transformaram em 132 mil quadros de bicicletas, poupando ao planeta 5,7 toneladas de CO2 em material incinerado.

O projeto nasceu de um sonho e da necessidade de proporcionar ao mercado bicicletas mais acessíveis à bolsa e ao ambiente. Começou a ser delineado em 1998, tendo sido alvo de vários testes e ajustado nos anos seguintes até chegar ao molde final, sendo finalmente patenteado em 2012. No entanto, só recentemente começou a fazer furor nos quatro cantos do mundo, exportando para vários países (Portugal está na lista), e vendendo online apenas para o Brasil, quer somente o quadro ou a bicicleta completa.. Atualmente, a Muzzicycles está disponível em quatro modelos — Nilo, Amazonas, Mississípi e Reno — em várias cores, do preto a mesclados únicos porque, da injetora, nunca saem duas peças iguais.