“From the ocean” é a assinatura da Zouri, marca portuguesa de calçado, cujas solas são feitas a partir de plásticos recolhidos nos areais.

Zouri é o nome dado às sandálias típicas do kimono japonês. Partindo do princípio de minimalismo e simplicidade desta cultura, Adriana Mano criou uma marca de sapatos com o mesmo nome que procura, além de uma produção sustentável e ética, sensibilizar a sociedade para a recolha de plástico nas praias.

Mais do que produzir calçado, a empresa debruça-se sobre o impacto ambiental, isto é, além de parcerias com Organizações Não Governamentais (ONG) para a recolha de lixo nas praias, desenvolve ações de sensibilização nas escolas. A CEO da marca, Adriana Mano, afirma que o objetivo é “passar a mensagem de que o lixo não é lixo, é matéria-prima”: “Somos um exemplo do que se pode fazer”, comenta.

A marca foi criada por um grupo de amigos ligados à área do calçado e que se dedicavam também à recolha de plásticos das praias. Foi daí que surgiu a ideia de reutilizar o lixo para produzir sapatos. “Numa fase inicial havia a expectativa de reutilizar o lixo em todo o sapato”, começa por explicar a CEO. Mas, com o aprofundar do conhecimento, a equipa veio a descobrir que nos areais existem vários tipos de plástico e que a maioria não pode ser reciclada.

“Percebemos que, em vez de reciclar, tínhamos de reutilizar para conseguir integrá-los sem ter de os transformar”, refere Adriana Mano. É por isso que os sapatos Zouri possuem solas feitas com plásticos reaproveitados. Tudo começa com a recolha nos areais, feita apenas por voluntários. O material acumulado é levado para uma empresa que o tritura, mas, antes disso, passa por um processo de triagem e preparação feito por alguns elementos da própria marca. De seguida, é encaminhado para a empresa onde são fabricadas as solas, e onde é misturado com borracha natural.

“Os restantes materiais são provenientes de comércio justo, vegan e, na sua maioria naturais ou orgânicos, como o algodão, cânhamo e o linho”, destaca. É tudo 100% nacional e tudo acontece, coincidentemente, em Guimarães, o “berço de Portugal”.