Peixinho grelhado também rima com verão! A RECICLA explica-lhe mais sobre esta atividade que tem em vista a produção de peixes e moluscos para consumo humano; quais as vantagens e desvantagens da aquacultura para o ambiente e até o que uma equipa de portugueses está a fazer para melhorar esta atividade.  

O que é a aquacultura?

Aquacultura é a produção de espécies marinhas num espaço controlado. São instalações que têm como objetivo a reprodução, engorda e depuração de peixes, crustáceos e moluscos a fim de aumentar a sua população para que o consumo humano não coloque em perigo a sua existência no seu habitat natural.

Em Portugal, esta atividade é considerada uma importante alternativa ao tradicional abastecimento de pescado. Este tipo de produção pode ser desenvolvido de três formas:

  • regime extensivo;
  • semi-intensivo;
  • ou intensivo.

No regime extensivo, dá-se prevalência maioritariamente ao uso das condições naturais. A espécie a cultivar é mantida num meio natural controlado e a sua alimentação é também natural.

No caso do regime semi-intensivo, recorre-se à reprodução artificial da espécie, isto é, a fecundação, incubação e produção de alevinos é controlada para que haja maior taxa de sobrevivência, e durante a fase de engorda efetuam-se testes para conferir e otimizar o pescado. A espécie é alimentada de forma natural, mas também com suplementos alimentares artificiais.

Na produção intensiva, todos os parâmetros são controlados. Acompanha-se e monitoriza-se a reprodução o crescimento e a alimentação do peixe.

Em Portugal, é a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que revela os dados mais recentes sobre esta atividade. Em 2019, em águas salobras e marinhas 50,5% da produção foi feita em regime extensivo. O regime intensivo representou 38,7% da produção e o semi-intensivo 10,7%. Já no que toca à água doce, o regime de produção em Portugal foi exclusivamente intensivo.

regimes de aquacultura em Portugal
Fonte: INE/DGRM, 2021

Vantagens e desvantagens

Independentemente do tipo de regime em que as espécies são criadas, esta alternativa de produção de pescado, moluscos e bivalves fornece quase metade do pescado consumido em todo o mundo. Na prática, isto significa que, através da aquacultura, é possível fazer chegar pescado a mais pessoas sem colocar em risco a existência das espécies.

Mas, este tipo de produção tem as suas desvantagens e, neste caso, pode debater-se com o problema dos efluentes provenientes da sua atividade. E há quem esteja atento a esta questão.

Em prol de um mar mais limpo, sem descurar a importância que esta atividade tem, há um projeto português que está a utilizar microalgas e bactérias para tratar os efluentes gerados na aquacultura e reutilizar a água. Trata-se do GreAT, e foi desenvolvido pela Universidade Católica Portuguesa e pela Universidade de Aveiro.

“O desenvolvimento de uma economia azul sustentável permite combater as alterações climáticas, recuperar a biodiversidade e utilizar os recursos marinhos de uma forma mais responsável”, começa por explicar uma das investigadoras do projeto, Paula Castro.

“A eficiência dos sistemas de tratamento de águas residuais no setor da aquacultura marinha é de extrema importância para a proteção do ambiente, especialmente para minimizar o impacto destes nos ecossistemas aquáticos onde são descarregados”, continua.

Assim, a equipa investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica criou um projeto que permitiu desenvolver processos de biomassa granular composta por microalgas e bactérias que se tornaram uma solução eficiente para o tratamento de efluentes de aquacultura.

“Os efluentes produzidos por estes sistemas possuíam qualidade suficiente para serem reutilizados, permitindo a redução dos recursos hídricos necessários para produção”, acrescenta outra investigadora, Catarina Amorim.

Além disso, a utilização deste sistema, que combina microalgas e bactérias, pode diminuir a libertação de gases com efeito de estufa e promover a produção de efluentes com níveis superiores de oxigénio, reduzindo a necessidade de maior intervenção humana para a sua recirculação nos tanques de aquacultura.

Já sabe quais são as vantagens e desvantagens da aquacultura e a equipa portuguesa que está a melhorar esta atividade, mas sabe quando se celebra o Dia Nacional do Mar? Aponte na agenda, é já no dia 16 de novembro. Um bom pretexto para recordar que devemos cuidar bem deste recurso natural.