As ervas daninhas dão cosméticos e não é loucura

Urtigas, beldroegas e sabugueiros, também conhecidas como ervas daninhas, são aquele tipo de plantas que geralmente desprezamos nos nossos quintais. Mas, Mariana Santos decidiu aproveitá-las e, em poucos anos, lançou uma marca de cosméticos naturais, a Herbes Folles.

“Ervas loucas” é a tradução do nome francês da marca fundada por Mariana Santos, pois foi na Bélgica que a herbalista começou a explorar o potencial da botânica e a interessar-se por estas ervas “espontâneas”. A empreendedora revelou-nos que a sua formação é maioritariamente artística, mas que está “desde cedo ligada ao mundo das plantas por causa da mãe e da avó, que consumiam produtos naturais”.

A marca procura, assim, dar uma nova vida às plantas mais desprezadas, ao mesmo tempo que comercializa produtos que não são testados em animais, são totalmente veganos, livres de fragrâncias sintéticas, conservantes artificiais, óleos minerais e petroquímicos. Assegura que todos os cosméticos são certificados pela NATRUE, a organização que garante que os ingredientes utilizados são extraídos e processados de acordo com critérios e princípios da sustentabilidade e proteção ambiental.

Preocupada em produzir o mínimo impacto negativo possível, a Herbes Folles optou por utilizar embalagens de vidro para o óleo e para a loção. Quanto ao bálsamo, é utilizado cartão reciclado e as etiquetas são produzidas a partir de resíduos de fibras das canas-de-açúcar. Mas as suas preocupações com o planeta não ficam por aqui: a marca de Mariana Santos integra também a rede da 1% For the Planet, apoiando diretamente soluções ambientais.

Depois de várias formações, estudos e leituras para aprofundar os conhecimentos sobre as plantas, a marca foi lançada no verão passado.  “A parte mais desafiante foi mesmo chegar às plantas e decidir aquelas que iria usar. A escolha aconteceu ao fim de várias pesquisas e conversas com herbalistas. Uma boa parte é já usada por marcas de cosméticos de forma discreta, mas a minha ideia foi mesmo atrair o olhar para estas ervas selvagens criando uma marca em torno delas”, explica Mariana Santos.

A herbalista escolheu quatro ervas daninhas para produzir os seus produtos de cosmética. Optou pelas beldroegas, devido às suas propriedades anti-inflamatórias, e pelas urtigas, por serem uma fonte de antioxidantes. Utilizou o hipericão, por ser um remédio para pequenos problemas cutâneos, sendo conhecido por acelerar a cicatrização dos tecidos. Mariana, não descartou das suas opções o sabugueiro, uma planta que cresce geralmente junto à estrada e que tem um óleo rico em antioxidantes.

Com estas ervas, a Herbes Folles criou três produtos: um bálsamo multiusos para usar no rosto e no corpo, um óleo para a limpeza facial e uma loção bifásica hidratante e iluminadora. A ideia, afirma Mariana Santos, foi “criar uma marca com o essencial, no sentido de ter aquilo de que precisamos todos os dias – um produto para limpar a cara, outro para hidratar e depois ter um multiusos”.