A Unesco escolheu o 17 de maio para assinalar o Dia Mundial da Reciclagem. É um bom dia para rever tudo aquilo que sabemos sobre a separação de resíduos

Quando pensamos em reciclagem vem-nos à ideia o amarelo, o azul e o verde, os ecopontos e os grande camiões que levam os resíduos para tratamento. Mas a verdade é que a reciclagem é um conceito bem mais antigo do que podemos, à partida, imaginar.

Vamos começar por explicar o termo. Reciclagem é o processo no qual se dá a transformação de um resíduo sólido que não seria aproveitado, de maneira a que se torne novamente matéria-prima ou produto. Depois de cada um de nós depositar os resíduos no ecoponto certo, são transportados pelas autarquias para uma Estação de Triagem, onde são submetidos a uma separação ainda mais rigorosa por tipo de material. Depois de separado e transformado, esse material volta a ser usado como matéria prima para objetos do dia a dia como embalagens, livros, garrafas ou mobiliário.

Desde que o mundo é mundo que os resíduos existem e foram sempre aumentando, como consequência também do aumento da população. A necessidade de tratar os resíduos é, por isso, muito antiga. Sabe-se que na Grécia Antiga, por exemplo, o lixo era aglomerado a cerca de dois quilómetros das muralhas de proteção das cidades para evitar o contacto com a população. Mas foi no século XIX, com a Revolução Industrial, que se deu um aumento significativo da produção de resíduos, com graves impactos sanitários. Foi a partir dessa altura que os resíduos deixaram de ser apenas orgânicos e passaram a ser também eletrónicos, radioativos, industriais ou químicos. Ainda assim, durante muitos anos, todos esses resíduos eram simplesmente descartados sem tratamento, acabando por contaminar solos e mares em todo o mundo.

O boom económico pós-Segunda Guerra Mundial ajudou à política do descartável, que só foi pela primeira vez questionada nos anos 70 quando, nos Estados Unidos, começaram a crescer os movimentos ambientalistas.

Em 1980, nasce o termo “eco desenvolvimento”, criado pelo economista Ignacy Sachs, fundador do Centro Internacional sobre Pesquisa e Meio Ambiente em Paris, que tinha como principal objetivo fomentar as discussões e as pesquisas sobre o tema.

Entre tratados europeus, medidas norte-americanas e movimentos ambientalistas, a preocupação com o destino dos resíduos cresceu em todo o mundo. Em Portugal, o conceito de reciclagem das embalagens, um resíduo que começou a ter muita expressão no contexto dos resíduos domésticos, nasceu em 1996 com a criação da Sociedade Ponto Verde, que vem gerir a reciclagem e valorização das embalagens usadas.

Os números falam por si: em duas décadas, Portugal enviou para reciclagem 7,5 milhões de toneladas de resíduos de embalagens, o equivalente ao peso de 3 pontes Vasco da Gama. Não quer isso dizer que o trabalho esteja feito. Há, aliás, muito para fazer e tudo começa nos hábitos do dia-a-dia.

Ter um ecoponto doméstico pode ser o primeiro passo. Separar os resíduos em casa e depois deitar o plástico, metal e pacotes de bebidas no amarelo, o papel e cartão no azul e o vidro no verde. Há também locais pensados para depositar outro tipo de resíduos como pilhas, óleos ou eletrodomésticos. Em caso de dúvida sobre para onde vai o quê, nada como consultar o site da Sociedade Ponto Verde ou instalar a aplicação WasteApp, que nos diz onde deitar os resíduos e onde encontrar os ecopontos mais próximos.

Portugal tem metas europeias de reciclagem para cumprir. Até 2025 devemos estar a reciclar 65% das nossas embalagens.

É por isso que a participação de todos os cidadãos é muito importante. Cada uma das suas embalagens conta!