Há um novo iogurte sustentável de laranja e mel que nasceu de desperdícios alimentares e já ganhou dois prémios. O produto tem as mãos de duas estudantes da Universidade de Aveiro que uniram os seus conhecimentos em design e em biotecnologia alimentar para criar o OrangeBee.

Bárbara Vitoriano e Adelaide Olim são as autoras desta alternativa vegetal ao iogurte convencional que nasce da junção da tese de mestrado de ambas. Bárbara pretendia reaproveitar cascas de laranja desperdiçadas pela indústria, de forma a reduzir o impacto ambiental, enquanto Adelaide tinha como objetivo trabalhar o pólen apícola, de modo a inseri-lo em novos produtos alimentares.

O OrangeBee surge, então, da “necessidade de desenvolver um novo produto que tivesse por base o aproveitamento de subprodutos de indústrias agroalimentares. Para isso, inspiramo-nos na economia circular para desenhar ciclos secundários entre essas indústrias fornecedoras de subprodutos, acrescentando também valor à economia local”, explicam à RECICLA as mentoras do projeto.

Mas como é feito este iogurte?

É constituído por três camadas. No fundo do copo, encontra-se a camada mais doce, uma geleia de cascas de laranja; por cima, na camada intermédia, fica o preparado fermentado com base de aquafaba, ou seja, água proveniente da cozedura de leguminosas. Este ingrediente permite ao iogurte ter três variantes, consoante a utilização de aquafaba de grão de bico, feijão vermelho e feijão preto. Por fim, no topo, e colocado apenas antes de ser consumido, fica o pólen polvilhado.

Segundo as duas empreendedoras, pode ser consumido como sobremesa, “tem um sabor agradável e aspeto apelativo”. Além disso, não contém glúten, gordura nem lacto­se, é fonte de fibra, tem diversos prébioticos e contém 89 Kcal. 

Fotografia de João Pedro Rocha

Para a sua produção, há várias empresas portuguesas envolvidas: o pólen apícola é fornecido pela Beesweet, onde Adelaide Olim se encontrava a estagiar, e os subprodutos, como as cascas de laranja e a aquafaba, são provenientes de fábricas que produzem esses resíduos em grandes quantidades e de forma regular.

Além da sustentabilidade, o objetivo é ter também uma vertente educacional e lúdica, pois a embalagem contém cartões colecionáveis que narram a origem dos ingredientes, explicam os seus benefícios e apelam ao não desperdício alimentar.

Apesar de ainda não estar no mercado, já conta com reconhecimento internacional. O OrangeBee venceu o ECOTROPHELIA Portugal e posteriormente o ECOTROPHELIA Europe 2020, a maior competição europeia em eco inovação alimentar.

Agora, resta… provar!