Por ano, os portugueses consomem 10 mil milhões de cigarros e a maioria acaba no chão. Em Guimarães, desde 2015 que se luta para que as beatas sejam recolhidas e, agora, já há solução para as mais de 350 mil pontas de cigarros recolhidas: vão ser transformadas em tijolos.

As estimativas assustam: 4,5 biliões de pontas de cigarro são descartadas indevidamente todos os anos, em todo o mundo. Só em Portugal, a cada minuto, sete mil beatas são deitadas para o chão.
Diogo Pinheiro decidiu transformar estes números em algo positivo ao dar uma nova vida a estes resíduos que, a maior parte das vezes, acaba nas ruas.

O engenheiro eletrotécnico foi o vencedordo concurso de ideias do Laboratório de Paisagem de Guimarães, que há muito queria dar uma nova vida às beatas recolhidas na cidade através do projeto Ecopontas. É que desde 20015 que Guimarães tem espalhados pela cidade peças de mobiliário urbano criadas para que as pessoas depositem as beatas. Desde a implementação da ideia – que entretanto já foi replicada noutras cidades do país – já foram recolhidas aproximadamente 350 mil pontas de cigarro em Guimarães.

Agora, todos esses resíduos serão aproveitados e transformados em algo tão aparentemente insólito como tijolos. O projeto, da autoria de Diogo Pinheiro, avançou com a participação conjunta do Laboratório da Paisagem, do Centro de Valorização de Resíduos e do Instituto de Soldadura e Qualidade 

O protótipo final do e.tijolo tem 5% de beatas na sua composição para que não comprometa a resistência. Ainda assim, para já e numa primeira fase, o e.tijolo pode ser aplicado em paredes não estruturantes ou como elemento decorativo. Numa última fase do projeto, pretende-se reunir um conjunto de empresas do setor cerâmico para que o produto lhes seja apresentado. A Câmara de Guimarães irá, paralelamente, avaliar a possibilidade de estas empresas aplicarem os tijolos fabricados pelo e.tijolo em alguns dos edifícios que atualmente se encontram em restauro.

As vantagens do e.tijolo são várias, mas os criadores da peça destacam o facto de ser um produto mais leve, com características de isolamento e que reduz em 60% o consumo de energia necessária para a construção de um tijolo tradicional.