Será que o planeta é feliz? Não há uma resposta definitiva para esta pergunta, mas há resposta para a questão que dá título a este artigo: a sustentabilidade tem a ver com a felicidade mais do que poderíamos imaginar. É que, cada vez mais, a felicidade se mede, não pelo que se tem, mais pelo que nos importa – e o ambiente importa!

Mas porque falamos de felicidade? É que estamos em vésperas do dia internacional que lhe é consagrado – 20 de março. É assim desde 2012 quando as Nações Unidas decidiram, por unanimidade, celebrar este dia, com todos os países membros a considerarem a felicidade como um objetivo humano fundamental.

Talvez inspirados pelo Butão, um pequeno reino no sul da Ásia com menos de 800 mil habitantes que em 1972 criou um índice completamente inédito e surpreendente: Felicidade Interna Bruta (FIB). E porquê? Por entender que uma sociedade não deve ter como meta apenas o crescimento económico, mas, sim, ambicionar o bem-estar das suas pessoas a nível psicológico, cultural e espiritual, sempre em harmonia com o ambiente. E é por isso que um dos nove pilares do FIB a relação entre os cidadãos e os ecossistemas, a acessibilidade aos espaços verdes, sistemas de recolha de resíduos e biodiversidade local.

Vamos medir a felicidade e a sustentabilidade?

Estava aberto o caminho para nascerem organizações focadas nesta relação entre felicidade e sustentabilidade. É o caso do Happy Planet Index (HPI), que coloca uma pergunta ao mundo: “É possível ter uma boa vida sem custos para o planeta?”

À procura de respostas para esta questão, este índice mede o bem-estar sustentável, hierarquizando os países em função da sua eficiência em proporcionar às suas pessoas uma vida longa e feliz, usando os nossos recursos ambientais limitados. Na prática, trata-se de conciliar o que realmente importa para as pessoas – a tal vida longa, feliz e com significado – com o que importa para o planeta – o nosso ritmo de consumo dos recursos.

E cada pessoa pode saber qual o seu índice, isto é, saber em que medida o seu comportamento conduz mesmo a uma boa vida que não cause danos ao planeta. Aqui pode saber quão sustentavelmente feliz é!

O que vem primeiro?

Se ainda tem dúvidas sobre esta relação entre sustentabilidade e felicidade, partilhamos as conclusões de um recente estudo internacional. A investigação mostrou que o desenvolvimento sustentável pode tornar as pessoas mais felizes. E identificou numa ligação positiva entre o progresso para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e o bem-estar.

O estudo foi conduzido pelo diretor do Centro de Pesquisa para o Bem-Estar da Universidade de Oxford (Reino Unido), Jan-Emmanuel De Neve, e pelo diretor do Centro para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia (Estados Unidos), Jeffrey Sachs. 

E mostra que países com taxas mais elevadas de cumprimento dos ODS tendem a evidenciar melhores níveis de bem-estar subjetivo. E que, à medida que os países se tornam mais ricos, o bem-estar dos seus cidadãos parece estagnar até que o crescimento económico se torne mais sustentável.

Concluem, ainda, que medidas ambientais de longo prazo parecem ter uma associação positiva com o bem-estar.

De tal forma que o Relatório Mundial da Felicidade de 2021 sugere que a felicidade não é um objetivo vago e ambicioso, mas, sim, uma estratégia para alcançar o desenvolvimento sustentável, sendo urgente encontrar soluções que sejam positivas quer para as pessoas, quer para o planeta: ao aumentar a sustentabilidade, aumenta o bem-estar humano.

É ou não é uma boa razão para dar mais passos sustentáveis no seu dia a dia? Ao cuidar do planeta cuida de si, e ao cuidar de si, cuida do planeta. Todos ficam mais felizes!