8, Agosto 2019
Flowco: quando o design e a reciclagem se unem
Quatro amigos abriram um atelier de arquitetura no qual todas
as peças têm algo em comum: os materiais usados como matéria-prima são
reciclados
Quatro amigos abriram um atelier de arquitetura no qual todas as peças têm algo em comum: os materiais usados como matéria-prima são reciclados
Rodrigo Melo, António Vale, José Almeida e Sebastião Ataíde conheceram-se enquanto estudantes de arquitetura em Coimbra. Numa das muitas conversas de café, começaram a pensar em fazer algo deles e que fosse, ao mesmo tempo, único. Definiram, então, três metas: criarem algo diferenciador, confortável e com materiais reciclados.
Em 2015, abriram um escritório no Porto e criaram a primeira peça, que é, ainda hoje, a mais icónica. Inspirados em Jimi Hendrix que, quando lhe perguntaram que coisas gostaria de ver mudadas, pediu mais cores nas ruas, decidiram criar uma cadeira que se molda ao corpo e, claro, cheia de cor. A Hendrix Chair é feita de borracha, mas também de pneus e solas de sapato e isso faz com que seja flexível e, por isso, as pessoas podem usá-la para sentar ou deitar.
Para já, a cadeira é apenas um protótipo e, devido ao grande custo que envolve a sua construção, ainda não passou do papel, mas, ainda assim, foi com ela que participaram na Bienal Iberoamericana de Design e acabaram por ganhar o Prémio Ibérico Larus Design em equipamento lúdico.
“Percebemos que havia vontade de mudar a forma de estar das pessoas através do design”, explica à Recicla Sebastião Ataíde. Além disso, o grupo concluiu também que esta preocupação ambiental já não era só deles e que havia mercado por explorar.
Depois de já dominarem a borracha como matéria-prima, apostaram no papel, no cartão e no metal, que vão sempre buscar a excedentes da indústria.
Agora, além da cadeira, fazem também revestimentos de parede e chão com peças feitas de plástico, madeira e cortiça. Têm também participado em festivais de verão, na construção de mobiliário urbano e lançaram recentemente uma peça — a Wave — que Sebastião garante “fugir à designação comum do design, pela sua potencialidade”. Isto porque a obra, feita de ferro, madeira, borracha e plástico reciclados — é um banco de rua que, de repente, se pode transformar até num palco.
“Quando começámos, a sustentabilidade ainda não era tendência. Mas agora, quatro anos depois, é uma prioridade”, lembra Sebastião que, tendo em conta as encomendas que têm tido de todo o país e mesmo do estrangeiro, conclui que o mercado já aceita pagar mais por uma peça feita com uma preocupação especial com o ambiente.