Comercializar tecnologia topo de gama a preços acessíveis numa perspetiva de economia circular é o pilar principal desta empresa sediada em Lisboa que compra e vende smartphones usados. Uma ideia que nasceu há sete anos de uma necessidade de um adolescente e que há três se tornou realidade

José Costa Rodrigues tinha 16 anos e sonhava com um iPhone mas o preço era proibitivo para os pais. Não conformado, depressa encontra uma solução, vendendo uma série de produtos que tinha em casa sem utilidade, como jogos de consola, livros, entre outros. Com o dinheiro da venda, compra o seu primeiro smartphone. Usado, claro. Era a única hipótese. No entanto, logo de seguida surge uma oportunidade para ganhar dinheiro com ele e vende-o. Os anos seguintes foram de altos e baixos. O negócio baseava-se em comprar aos amigos e familiares para depois revender. Com o dinheiro que foi amealhando, em 2016, então com 19 anos e estudante de Gestão, sentiu que já existiam bases para criar uma empresa e contratar o primeiro colaborador. Assim começa a escrever-se a história da Forall Phones, uma empresa que hoje tem quase 100 colaboradores, uma rede de estudantes universitários que ajuda a promover este conceito de sustentabilidade ambiental e 10 lojas físicas (sete em Portugal e três em Espanha), mas que vende para todo o mundo através do website, disponível também em espanhol e inglês. Neste momento, só comercializa iPhones. “Quisemos especializar-nos numa marca”, explica José. Mas, para breve, a ideia é estender o negócio a outras insígnias e, mais tarde, a outros produtos como tablets e smartwatches. Sempre usados, ou melhor, recondicionados.

Tecnologia recondicionada: um conceito de economia circular
A Forall Phones opera na economia circular de smartphones. Compra aparelhos usados, recondicionando-os através de uma inspeção técnica rigorosa que inclui limpeza e higienização, bem como testes e pequenas intervenções para garantir que se encontram 100% funcionais a todos os níveis. “Em todas as lojas temos técnicos certificados que controlam e reparam os produtos e dão apoio pós-venda”, diz o fundador. Depois promove a sua reutilização, revendendo-os com garantia de um ano a um preço mais acessível: chega a ser 40% mais barato em relação a equipamentos novos. Os seus primeiros clientes eram sobretudo estudantes universitários, mas o leque foi-se alargando e hoje chegam a todas as faixas etárias.

Com mais de 30 mil telemóveis vendidos até à data, na Forall Phones “já poupámos ao ambiente 1600 toneladas de CO2 e 3759 toneladas de desperdício eletrónico”, enumera. É, por isso, um negócio de sustentabilidade ambiental já com algum impacto e que está a crescer. “O nosso objetivo é muito simples.” — diz José Costa Rodrigues — “Queremos ser a melhor empresa da Europa em produtos recondicionados, é para lá que caminhamos; hoje vendemos apenas smartphones mas pretendemos chegar a mais equipamentos que possam ser recondicionados e assim aumentar a sua esperança de vida”.