A cooperativa Fruta Feia nasceu em Lisboa e espalhou-se pelo país com a missão clara de acabar com o desperdício alimentar e incentivar os portugueses a recuperarem a herança à mesa dos produtos locais e sazonais.

Imagine-se, em época de colheitas, no meio de um pomar ou de uma horta. Pode começar pelas árvores de fruto, de onde deve retirar a matéria-prima que cada uma delas oferece. Há peras com bicadas de pássaros? Laranjas que nasceram coladas a outras? Maçãs que não têm a casca uniforme e até revelam umas queimaduras do sol? As alfaces que tirou da terra não têm as folhas perfeitas, as cebolas e os nabos são maiores ou mais pequenas do que é suposto? É provável que encontre tudo isto e que esta imagem corresponda até à maioria dos exemplares pendurados nas árvores. É “fruta feia”, daquela que não nasce perfeitinha e que não serve para integrar a oferta das grandes superfícies comerciais e que quase sempre, só pelo simples facto de não corresponder aos cânones estéticos dos supermercados, acaba por ser deixada a apodrecer ou deitada ao lixo.

FRUTA DE QUALIDADE

A cooperativa Fruta Feia nasceu precisamente para acabar com a tendência do desperdício alimentar, que, a nível global, ascende a 1,3 mil milhões de toneladas por ano – o suficiente para alimentar 925 milhões de pessoas todos os dias – e que representa não só uma brutal consequência ambiental, uma vez que obriga ao gasto desnecessário de recursos, como a água, a energia e a terra, para a produção e ao aumento das emissões de dióxido de carbono e metano resultantes da decomposição dos alimentos, mas também pelas questões ética e cívica que contaminam, em medida igual, os hábitos alimentares e a própria cadeia agroalimentar.

Alterar os padrões de consumo e incentivar a que no futuro todos os produtos hortícolas de qualidade sejam comercializados de forma justa e direta é a grande missão da Fruta Feia, empenhada em provar que “os alimentos feios não são lixo” e que “gente bonita come fruta feia”.

A cooperativa iniciou a atividade em novembro de 2013, com apenas um ponto de entrega, no Intendente, em Lisboa, para em menos de quatro anos estar já a operar a mudança em onze delegações, distribuídas pelo país, sucesso para o qual contribuem as parcerias com 193 produtores locais e os mais de 5200 consumidores, que, juntos, já evitaram o desperdício 1.415 toneladas de fruto-hortícolas. Se quer aderir a este movimento, saber mais em frutafeia.pt.