Sabe o que têm em comum camisolas e azeitonas? A RECICLA conversou com o empresário Joaquim Moreira, detentor da marca de azeite Acushla, e da empresa têxtil Tetribérica, que explicou como é possível alimentar a economia circular entre a produção de ambos. Curioso? Contamos-lhe tudo de seguida.

Existem cada vez mais projetos circulares e o setor da moda não fica de fora. Aos projetos do empresário juntou-se recentemente a Fábrica de Azeite, uma loja na baixa do Porto. Inaugurada há poucos meses, quer ser mais do que uma loja dedicada à venda de azeite.

Nesta mercearia gourmet podem encontrar-se outros produtos, como vinhos, vinagres, mel, compotas, frutos secos, biscoitos, chás, infusões, chocolates ou conservas variadas, que também podem ser degustados no local.

Mantendo o foco no seu produto premium, na Fábrica do Azeite pode encontrar uma linha de vestuário produzida com um ingrediente especial: bagaço de azeitona. O desperdício da prensa da azeitona foi canalizado para colorir as peças de roupa da Barrio Santo, uma marca de roupa confortável do grupo Tetribérica.

“O que é um desperdício, para uns, é, para outros, como nós, uma matéria-prima”, afirma o CEO do grupo detentor da Fábrica do Azeite, da marca Acushla e da empresa têxtil Tetribérica, Joaquim Moreira.

Fabrica do Azeite. Venda de camisolas feitas com desperdício de azeitonas
Fábrica do Azeite, Porto

Combate ao desperdício do bagaço de azeitona

Assim, t-shirts, sweatshirts, hoodies, joggers e casacões estão a ser produzidos com matérias-primas orgânicas sem compostos químicos ou sintéticos e coloridos com recurso a técnicas naturais utilizando o desperdício de azeitona. “Procuramos aproveitar todo o desperdício gerado em soluções amigas do ambiente”, afirma Joaquim Moreira.

Com a utilização do bagaço da azeitona, o grupo dá, assim, um passo em frente no combate ao desperdício e na economia circular.

De azeitonas a peças de roupa

No ano passado, a Acushla produziu 700 mil quilos de bagaço de azeitona, isto é, um resíduo que resulta da produção de azeite.

Deste bagaço, constituído por água, óleo, polpa, películas e caroços, 690 mil quilos foram reutilizados para a produção de composto biológico e utilizados nas plantações da Quinta do Prado, onde se produz o azeite biológico Acushla. Os restantes 10 mil quilos foram encaminhados para o tingimento de peças de roupa.

roupa tingida com desperdício de azeitona

As roupas tingidas com este desperdício resultam de uma parceria com a Minority Denim. Esta empresa trabalha no tingimento de vestuário através de processos mecânicos e de desidratação de resíduos biológicos. Assim, consegue obter, através do bagaço de azeitona, um extrato para tingir de peças de roupa 100% algodão.

Com os dez mil quilos de resíduos enviados para esta empresa já foi possível tingir cerca de cinco mil quilos de camisolas

“Trabalhar em prol de um futuro mais sustentável é uma das pedras angulares do projeto Acuschla, que aposta em soluções biológicas e pratica a economia circular”, refere ainda o empresário.