E se num lugar onde há cimento crescessem legumes, frutos e ervas aromáticas? Essa magia é possível com o kit “inteligente” de horta urbana Noocity. Se ainda não conhece esta startup ecológica portuguesa, que se tornou um negócio de sucesso já distinguido com o Prémio Nacional das Indústrias Criativas, leia este artigo

A história da Noocity Ecologia Urbana começa em 2013, com uma horta montada por três amigos, José Ruivo, Pedro Monteiro e Samuel Rodrigues, no pátio de um prédio no centro da cidade do Porto, onde trabalhavam. Queriam desenvolver agricultura doméstica mas não encontravam os produtos adequados. Por isso, resolveram unir esforços e experiência em arquitetura e permacultura e começaram a construir os seus próprios equipamentos para o cultivo de alimentos. O expediente germinou, deu frutos e logo perceberam que ali poderia estar uma ideia de negócio. Não se enganaram. Hoje, a empresa tem hortas instaladas desde o Palácio de Belém, em Lisboa, ao Hotel Crowne Plaza, no Porto, ou à La Prairie du Canal, em Paris, que fazem parte de uma carteira com cerca de 1000 clientes, entre particulares e corporativos.

Um nome com significado
A horta urbana que nasceu de improviso depressa ganhou um nome e um significado: Noocity. O prefixo “Noo”, explica Leonor Babo, responsável pela Comunicação que, entretanto, se juntou à equipa, “tem por base o conceito de Noosphere, que define a esfera do pensamento humano como fase de sucessão à geosfera (matéria inanimada) e à biosfera (vida biológica) no estágio de evolução terrestre. Associando este prefixo à palavra city (cidade) estabelecemos uma declaração de interesses de pensar e transformar as cidades do futuro. Aliámos, assim, o sentido de comunidade e consciência coletiva a um novo conceito de cidade, numa nova visão de centros urbanos mais sustentáveis e integrados”.

Do Porto para o mundo
Em 2015, a empresa lançou o seu produto-estrela, a Noocity Growbed, uma cama de cultivo inteligente com sistema de sub-irrigação, cujo financiamento foi apoiado por crowdfunding, tendo as encomendas começado então a chegar dos quatro cantos do planeta.
Apesar de sediada na Cidade Invicta, a Noocity teve desde o início uma visão internacional do negócio: “Sempre trabalhámos no sentido da internacionalização, desde o lançamento do nosso produto numa plataforma de crowdfunding ao desenvolvimento do nosso site com conteúdos em inglês. No entanto, ao longo do tempo, o mercado francês foi ganhando alguma relevância e os contactos foram surgindo, sendo neste momento o principal destino das hortas vendidas na nossa loja online”, explica a responsável de Comunicação, acrescentando que lançar um produto físico numa era digital nem sempre é uma tarefa fácil e começar um negócio numa indústria pouco ou nada desenvolvida é uma responsabilidade acrescida. “Passado este tempo”, remata, “olhamos para trás com orgulho do caminho percorrido. Tivemos percalços, tropeços, surpresas (boas e más), mas sobretudo aprendemos com cada um dos passos e tivemos a perseverança de seguir o caminho”. No futuro, a Noocity quer ser uma marca de referência no âmbito da agricultura urbana.

Como funciona
A marca é hoje procurada por todos os tipos de pessoas, mas sobretudo pelo cidadão urbano sensível às questões ambientais, que gosta de se alimentar bem e de uma forma saudável e que pretende aproveitar o espaço exterior disponível para cultivar ervas aromáticas, legumes ou até alguns frutos. É o  caso de cenouras, beterraba, batata-doce ou nabos, diversos tipos de tomate e feijão, alfaces, abóboras, courgettes, melancias, melões, morangos, entre outros. Para o ajudar nessa tarefa, o kit Noocity é composto pela cama de cultivo com o sistema de sub-irrigação integrado e todo o material necessário para começar a cultivar, como substrato 100% natural, argila expandida, fertilizante biológico granulado e uma seleção de sementes bio da época. A autonomia de rega dá para três semanas, até porque este sistema economiza até 80% no consumo de água. Disponível em três tamanhos, o Kit Horta em Casa da Noocity monta-se sem recurso a ferramentas, criando uma horta urbana que vai desde o m2 ao hectare, seja em varandas, terraços, jardins, pátios ou mesmo telhados, preferencialmente abrigados, bastando que tenham uma exposição solar mínima diária de quatro horas.