A indústria automóvel acelera, cada vez mais, na direção da sustentabilidade, por um lado respondendo a metas impostas pelas autoridades, e, por outro, correspondendo a um movimento dos consumidores. Entre o uso de materiais reciclados, o recurso a tecnologias menos poluentes e a opção por modelos elétricos, pode dizer-se que as marcas não param.

Comecemos pelos sinais que surgem da sociedade. O estudo Observador Cetelem Automóvel, divulgado no início do ano, mostra que 75% dos condutores portugueses consideram que os carros são a principal fonte de poluição e, em conformidade com esta perceção, 41,5% ponderam trocar para um veículo elétrico.

A indústria está consciente desta realidade. Um outro estudo, este realizado pelo Capgemini Research Institute a 503 empresas do setor em todo o mundo, revela que 62% das firmas automóvel têm uma estratégia de sustentabilidade. Os entrevistados apontaram que 46% destas empresas está à frente das outras indústrias e que 19% está, pelo menos, a par no que toca à questão ambiental.  

A Alemanha e os Estados Unidos são os dois países que lideram o cumprimento de aspetos como o “apoio e a promoção da economia circular” e os “processos industriais sustentáveis”. França, por seu turno, encontra-se no topo da tabela por “produzir de forma sustentável”, um fator que inclui mudanças para combustíveis eficientes, ou para veículos elétricos e componentes biodegradáveis.

Este movimento, de cidadãos e de empresas, ocorre num cenário restritivo no que toca às emissões de dióxido de carbono (CO2). Desde janeiro que vigoram, na Europa, metas mais apertadas e que limitam aquelas emissões a 95 g/km nos modelos a lançar. E, em 2023, descerá para os 50 g/km.

O investimento em modelos elétricos parece ser inevitável, na medida em que só assim se reduz a zero as emissões de CO2.

Esse é o caminho que estão a percorrer marcas como a Volvo, que assumiu como objetivo reduzir a sua pegada de carbono em 40% entre 2018 e 2025 e que tem como ambição ser uma empresa com impacto climático nulo em 2040. Além disso, propõe-se chegar a 2025 com uma utilização de 25% de plástico reciclado em cada novo automóvel.

A smart tem um posicionamento semelhante. A partir deste ano, quer produzir apenas veículos elétricos, visando ser a primeira marca automóvel a nível mundial a eletrificar a totalidade do seu portefólio. Tendo em conta que os seus modelos são pequenos e urbanos, este é o seu contributo para as cidades do futuro.

E uma cidade do futuro é precisamente o que está nos planos da Toyota, que vai mesmo erigi-la em 70 hectares junto ao Monte Fuji, no Japão. A base é a sustentabilidade e a integração tecnológica, em que vão ser testados, por exemplo, sistemas de mobilidade a hidrogénio.

Enquanto este cenário não se concretiza, as marcas dão outros passos para minimizar a sua pegada ambiental. Por exemplo, introduzindo materiais mais leves no fabrico dos automóveis, como alumínio, polímetros e compósito, em vez de ferro fundido e aço. Porquê? Porque menos peso corresponde a menor consumo energético.

É o que está a fazer a BMW, que começou a incorporar uma tecnologia de plástico reforçado com fibra de carbono na linha de fabrico da sua Série 7.

A preocupação ambiental passa também pela reciclagem: é assim na Peugeot, cujos modelos 208 e 2008, incorporam, em média, 30% e 31%, respetivamente, de materiais reciclados e de origem natural. É assim também na Volkswagen, que está a apostar na reciclagem dos carros em fim de vida, garantindo que 95% do automóvel pode ser reciclado e reutilizado, quer nesta indústria, quer noutros setores económicos. Muitos mais são os exemplos. Enquanto este futuro 100% verde não chega, há outras soluções de mobilidade sustentável a que pode recorrer: deixe o automóvel em casa, sempre que possível, e utilize os transportes públicos, partilhe viagens com outras pessoas que façam o mesmo circuito diário, experimente as alternativas de veículos elétricos partilhados e, claro, ande a pé. Faz bem ao ambiente e à saúde.