7, Março 2019
O plástico não é um bicho papão. Pode ser arte.
Apaixonado pela ilha do Pico, nos Açores, o ilustrador Vasco Mourão decidiu fazer do desperdício que encontrava na rua uma autêntica obra de arte.
Apaixonado pela ilha do Pico, nos Açores, o ilustrador Vasco Mourão decidiu fazer do desperdício que encontrava na rua uma autêntica obra de arte.
Uma boca feita de um pente, uns olhos iguais a duas solas de sapatos (ou serão mesmo?), garrafas de iogurte que são narizes e restos de sacos de plástico a compor o ramalhete. Vasco Mourão decidiu aproveitar desperdício e resíduos para criar arte. O resultado chama-se Face Plastic, que é como quem diz “encara o plástico”, e é o novo projeto do ilustrador português que tem como principal objetivo deixar uma pegada no mundo: explicar às pessoas que a consciência ambiental pode materializar-se das mais diversas formas e, inclusivamente, através da arte.
“Esta é a minha maneira de torná-lo visível, de dar-lhe uma cara. Porque isto é o nosso plástico, o meu e o teu”, explica no site da iniciativa.
As esculturas criadas por Vasco são um escape à monotonia e uma maneira de fazer a diferença. Porque, explica o artista, de cada vez que encontra uma coisa que o chateie mais de três vezes, tem de “fazer alguma coisa com ela”. Este desconforto aumenta pela proximidade do ilustrador à natureza. Vasco recorda um passeio pela ilha do Pico em que tudo começou. E o desconforto causado por “ver um saco de plástico agarrado a uma rocha”. “Custa mais do que vê-lo nas ruas”, diz.
“Este plástico demora entre 100 a 300 anos a desaparecer. Então, eu decidi fazer algo a respeito. Juntei lixo e, uns dias depois, as caras de plástico estavam a olhar para mim com o seu olhar mais infantil”
Entretanto, do resultado do passeio para o sítio onde mais gosta de nadar na ilha, Vasco Mourão fez 50 máscaras. As peças estão à venda por 70 euros cada no site do projeto e metade do dinheiro recolhido vai servir para a limpeza dos oceanos.