O prazo de validade dos alimentos é mesmo para cumprir?

“Consumir até”, “de preferência antes de” ou “de preferência antes do fim de” não é a mesma coisa. Confuso? Nem por isso. Saiba interpretar a diferença e faça a diferença na economia doméstica e no combate ao desperdício alimentar

Quem nunca deitou produtos alimentares guardados na despensa ou no frigorífico para o lixo por estarem fora do prazo da validade? Olhamos apenas para os números da data que está lá inscrita e se já passou, desconfiados da sua qualidade, nem pestanejamos, vão diretamente para o caixote.  Com isto, lá se foi a tentadora poupança obtida com o “pague dois e leve três”, para além de estarmos a desperdiçar alimentos.

Pois bem, antes de tomar esta atitude, atente que a data costuma ser precedida de uma frase: “consumir antes de”, “consumir de preferência antes de” ou “consumir de preferência antes do fim de”. Se pensa ser tudo a mesma coisa, não é o único. Inquéritos recentes revelaram que o significado das datas de validade dos rótulos dos produtos não é suficientemente compreendido por mais de metade dos consumidores europeus. De facto, cada frase tem um sentido que pode fazer a diferença entre o produto estar impróprio para consumo ou poder continuar a ser consumido com segurança se se observarem alguns cuidados na sua conservação. Mas, como distinguir?

A recente campanha da APED — Associação Portuguesas de Empresas de Distribuição vem ajudar a esclarecer dúvidas sobre as datas de validade (ou durabilidade) de alimentos comuns porque, como diz o mote da mesma, “Saber a diferença, faz a diferença”. O objetivo consiste em ajudar o consumidor a interpretar e a distinguir as diferentes indicações, bem como a rentabilizar o consumo, evitando, acima de tudo, o desperdício alimentar. Conheça, então, os conceitos.

DATA-LIMITE DE CONSUMO

“Consumir até”
Esta designação indica a data até à qual o produto deve ser consumido. Aplica-se a produtos embalados microbiologicamente perecíveis, tais como carne fresca, iogurtes, queijo fresco, saladas já lavadas (gama IV), sanduíches e refeições prontas. Indica o dia, o mês e, eventualmente, o ano.

DATAS DE DURABILIDADE MÍNIMA

“Consumir de preferência antes de”
Esta designação diz respeito a uma data meramente indicativa até à qual o alimento conserva as suas propriedades específicas. Mesmo que ultrapassada não significa que o produto esteja estragado ou faça mal à saúde mas devem ser respeitadas as regras de conservação de cada um indicadas nos respetivos rótulos. Aplica-se a alimentos embalados microbiologicamente não perecíveis, entre eles o azeite e os óleos, o leite e as natas em embalagens de cartão para alimentos líquidos, as batatas fritas e os cereais, geralmente com validade inferior a três meses. Em termos de formato, surge com as indicações do dia, do mês e do ano.

“Consumir de preferência antes do fim de”
Esta designação é em tudo semelhante à anterior, excetuando o tipo de produtos a que se aplica os quais, neste caso, têm uma validade superior a três meses. Por exemplo, congelados, conservas, arroz, farinhas. A data é inscrita com indicação do mês e do ano.

Em certos alimentos não estranhe se não houver qualquer indicação de prazos de validade na embalagem, como no sal, no açúcar ou no vinagre, que são produtos não perecíveis em termos microbiológicos. Ainda assim, devem ser conservados de acordo com as indicações do rótulo, para que mantenham intactas as suas propriedades físico-químicas.

Já os frescos ou produtos “do dia”, cortados ou manipulados em loja e vendidos ao balcão, como charcutaria fatiada, carne e peixe fresco, produtos de padaria e pastelaria e outros a granel também não têm indicação escrita dos prazos de validade mas, nestes casos, nada como recorrer ao bom senso, consumindo-os no próprio dia ou o mais rapidamente possível, se conservados no frigorífico ou outro local apropriado. Um bom acondicionamento permite prolongar o tempo do produto com maior qualidade.