Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro desenvolveu um cimento feito a partir de desperdícios das indústrias de celulose.

A preocupação em trabalhar para um planeta mais sustentável abrange todas as áreas da economia, até mesmo a construção. E, desta vez, é Portugal que dá o exemplo ao ser o primeiro país a produzir uma alternativa ao cimento tradicional e que mantém as características práticas do cimento Portland, aquele que é utilizado habitualmente e que é feito essencialmente de calcário e argila.

Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro desenvolveu um cimento feito com desperdícios das indústrias de celulose, isto é, cinzas e grãos de cal que vão parar a aterros. A produção deste eco-cimento “reduz drasticamente o uso de recursos naturais virgens e pode ser produzido à temperatura ambiente, diminuindo consideravelmente o consumo de energia”, garante a instituição, em comunicado.

Este novo material é feito, em 70%, de desperdícios da indústria de celulose (os outros 30% são metacaulino) e, afiançam os investigadores, pode ser usado no lugar dos cimentos tradicionais e com níveis de desempenho idênticos. “As nossas argamassas geopoliméricas são uma alternativa válida às produzidas com cimento Portland, pois têm propriedades que as tornam adequadas para diversas aplicações na construção”, explica o grupo, composto pelos investigadores Manfredi Saeli, Rui Novais, Paula Seabra e João Labrincha.

Manfredi Saeli explica ainda que “os geopolímeros endurecem rapidamente, exibem uma matriz estável e uniforme, um desempenho mecânico adequado e uma excelente resistência a produtos químicos e ao envelhecimento. Tudo isso torna essa nova classe de cimentos uma alternativa ao cimento Portland válida e sustentável”.

O eco-cimento surge de um projeto do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMaC) da Universidade de Aveiro, em parceria com a Navigator, empresa de fabrico de papel portuguesa.