12, Março 2020
R-COAT, os casacos que já andaram à chuva
Se tiver um guarda-chuva velho ou estragado por casa,
guarde-o. A seguir, explicamos porquê.
Se tiver um guarda-chuva velho ou estragado por casa, guarde-o. A seguir, explicamos porquê.
Em dias chuvosos não pode sair de casa sem levar o guarda-chuva. No entanto, basta apanhar uma rajada de vento mais forte para que este deixe de cumprir a sua função. O caixote de lixo acaba por ser o destino. Mas, se lhe disséssemos que pode fazer casacos apenas com os materiais que compõem os guarda-chuvas, acreditaria? A verdade é que é possível, e foi isso que motivou Anna Masiello a criar a R-COAT.
Há cerca de dois anos e meio, Anna reparou que a quantidade de guarda-chuvas abandonados pelas ruas de Lisboa era “absurda”. Começou a recolhê-los e a guardá-los em casa. “Quando tinha cerca de 30 guarda-chuvas no meu quarto tive de encontrar uma solução: fiz uma pesquisa online e reparei que ninguém estava a fazer casacos. Achei que podia ser uma ótima ideia para mim”. Foi assim que nasceu a R-COAT, cujo objetivo passa por respeitar tanto o ambiente como as pessoas.
Com apenas três ou quatro guarda-chuvas, dependendo do design do modelo escolhido, e recorrendo ao trabalho manual de costureiras da capital e de Sintra, a marca de moda sustentável consegue produzir casacos para a chuva absolutamente únicos e bastante práticos, uma vez que se conseguem arrumar em todo o lado. “Colocamos a parte de velcro dos guarda-chuvas dentro do casaco, para que as pessoas o consigam dobrar e fechar, de modo a guardá-lo na mala”, afirma a criadora da marca.
Reaproveitar é palavra de ordem para a R-COAT e no processo de produção todos os elementos dos guarda-chuva são utilizados. Os cabos de madeira, por exemplo, são transformados nos botões da nova peça de roupa. Já os tecidos, como são feitos em poliéster, antes de usados são lavados numa bolsa que captura microfibras para que o produto final seja 100% amigo do ambiente.
O projeto é muito embrionário, levando a que os casacos ainda não estejam disponíveis para venda. No entanto, quando a fase de prototipagem terminar, vão ser vendidos em todo o mundo, uma vez que todas as pessoas podem contribuir para a sua criação. De que forma? Através do movimento Umbrella Heroes. “A R-COAT diferencia-se pela sua base comunitária. Existem os Umbrella Heroes, que são um grupo de pessoas espalhadas por todo o mundo, que têm como função recolher os guarda-chuvas que encontram abandonados nas ruas das cidades, reduzindo, assim, a pegada ecológica”, explica Anna.
Agora que o inverno está a terminar, se tiver guarda-chuvas estragados por casa pense duas vezes antes de os deitar fora, porque, como a R-COAT defende, “dar uma segunda vida a objetos antigos é super fixe, uma vez que os artigos novos acabam por ter histórias para contar”. Qual vai ser a sua?