14, Junho 2022
Há uma forma mais ética de fazer moda e a Etikway explica como
É um novo espaço virtual e físico que ajuda designers de moda e beleza a criar produtos mais sustentáveis. Chama-se Etikway e nasceu pela mão da empreendedora Lucie Gomes. Para melhor aferir o que andam os criadores a fazer, organizou um desfile e premiou diversos projetos mais amigos do ambiente. Contamos-lhe os pormenores aqui.
É um novo espaço virtual e físico que ajuda designers de moda e beleza a criar produtos mais sustentáveis. Chama-se Etikway e nasceu pela mão da empreendedora Lucie Gomes. Para melhor aferir o que andam os criadores a fazer, organizou um desfile e premiou diversos projetos mais amigos do ambiente. Contamos-lhe os pormenores aqui.
Na Etikway, tanto na plataforma como nas concept stores, que se podem encontrar em Lisboa e Cascais, vende-se roupa de mulher, homem e criança, sapatos, bijutaria, malas, e acessórios sustentáveis. O projeto resulta do espírito de iniciativa de Lucie Gomes que procurava introduzir mais fibras ecológicas no setor da moda.
“Desde pequena que adoro tecidos, roupa, natureza e pessoas”, apresenta-se a empreendedora. É formada em Psicologia e exerceu durante alguns anos. No entanto, a sua paixão pela moda rapidamente a trouxe de volta ao mundo dos tecidos e a conduziu até à criação desta startup.
Mas a grande razão que levou Lucie a criar uma empresa com foco na sustentabilidade foi o acidente de Rana Plaza, no Bangladesh, o edifício de diversas fábricas têxteis, onde estavam a funcionar pelo menos 30 marcas de roupas internacionais, cujo desabamento provocou a morte a mais de 1100 pessoas.
“Para mim, foi um choque o que aconteceu. Não tinha noção de como as coisas funcionavam. Foi a partir daí que comecei a investigar e a perceber como é que se poderia produzir roupa de uma forma mais sustentável, sem tanto lixo e muito mais ética”, explica.
É assim que nasce a Etikway, que, numa tradução livre se pode chamar caminho ético. A startup dá as boas-vidas a artesãos, designers, produtores e criadores de moda, calçado e cosméticos que produzam os seus produtos de forma mais ecológica e mais sustentável, oferecendo-lhes espaço virtual e físico para que possam potenciar as suas marcas e vender os seus produtos.
Em troca, exige que todos tenham os seus produtos certificados por uma organização internacional que comprove que o modo de produção é mais sustentável. Mas, como a plataforma é também um espaço de interajuda no setor, Lucie faz questão de apoiar quem não tem essas certificações a consegui-las.
“A ideia deste projeto não é a de construir impérios de riqueza, mas antes promover uma prática sustentável e ética na produção”, esclarece.
Prémios inovação da Etikway
Foi com o intuito de ajudar a conhecer projetos sustentáveis e marcas que precisam de ajuda a obter certificações ecológicas que a startup organizou um desfile de moda. Os prémios inovação Etikway viram assim, no mês de abril, a sua primeira edição desfilar no Jardim do Príncipe Real, em Lisboa.
Quais foram os projetos mais sustentáveis?
Divididos em cinco categorias – vestidos de festa, roupa desportiva, roupa de criança, pronto a vestir e sapatos –, o júri selecionou 11 vencedores.
Ao dar asas à imaginação e ao upcycling, Cândida Pinto ganhou o primeiro lugar na categoria de festas. Criou um vestido de noiva, partindo de uma colcha da sua bisavó e de linho artesanal do Gerês.
Na categoria de vestuário de criança, o destaque foi para Diana Lopes e para a linha de roupa que concebeu também com recurso a upcycling. Um outro trabalho premiado foi o de Julia Sztokman, que apresentou o vestido “Algas”, feito com plásticos e outros resíduos e pintado com tinta à base de água.
Marita Moreno, a marca de Marita Setas Ferro que a RECICLA já deu a conhecer, ficou em primeiro lugar na categoria de calçado. A estilista apresentou ténis e botas desportivas totalmente veganos e feitos a partir de alfarroba.
A marca Haura ficou em primeiro lugar na categoria de pronto a vestir e provou que do velho se faz novo: propôs uma peça de roupa com uma estampagem colocada através de um processo de tingimento vegetal.
No que toca a roupa desportiva, o destaque foi para a marca Living Tide, que produz biquínis reversíveis feitos com um tipo de plástico reciclado, a poliamida. Além da produção com material reciclado, cada modelo está associado a um problema ambiental. Assim, os consumidores têm um conhecimento mais abrangente dos problemas ambientais que existem, um pouco por todo o mundo.
“A ideia era dar a conhecer e divulgar marcas e iniciativas que já trabalham num sentido mais ético e ecológico para que depois estas possam começar a preocupar-se em adquirir certificados nas suas produções”, explica Lucie.
“É da nossa responsabilidade, como pessoas e como empresa consciente, garantir o bem-estar, a saúde dos consumidores e mitigar o impacto do nosso produto sobre ela e sobre o planeta”, conclui a empreendedora.
Créditos de imagem: Carlos Porfírio, Puro Conceito