Reciclar, Reutilizar e Repensar são os três pilares do NOWASTE. Este projeto procura recuperar o desperdício têxtil e reutilizar plástico para criar um produto útil e inovador. A RECICLA conversou com a criadora Marta Neto que explicou em que consiste este conceito que conduz a moda à economia circular.  

Com vista a transforar “o lixo em luxo”, Marta Neto criou a NOWASTE, que, nas suas palavras, é: “uma marca que irá oferecer um serviço de upcycling industrial e inovação têxtil, criando produtos sustentáveis e circulares”.

O seu projeto piloto foi feito em parceria com a Trot, uma empresa portuguesa de produção e fabricação de uniformes de trabalho. A primeira ideia dedicou-se à produção de aventais, recorrendo a têxteis, que de outra forma seriam descartados, sacos de plástico reaproveitados e técnicas de produção têxtil ancestral.

Como se produzem aventais de moda circular

“Repensamos e reutilizamos os desperdícios do corte da Trot, […] reaproveitamos as sobras têxteis, transformando-as numa linha de aventais modernos e únicos. Abraçamos o enorme desafio de repensar e reutilizar sacos plásticos do lixo pretos”, diz Marta Neto.

Com as sobras de tecidos são criados pequenos azulejos que se unificam através de um processo de fusão de camadas e que posteriormente se juntam entre si, preenchendo por completo a superfície do avental numa técnica de patchwork. Esta técnica repensa ainda o processo produtivo e otimiza os resíduos, não recorrendo a energia, água ou produtos químicos.

Foram utilizadas duas técnicas de reutilização de plástico na fabricação da linha de aventais NOWASTE. Uma delas é a tecelagem em tear manual, uma técnica artesanal do Alentejo utilizada na produção de mantas.

“Com este processo de Upcycling criámos uma nova matéria-prima leve, resistente, impermeável, fácil de limpar, versátil, sustentável, fácil de reciclar e moderna, que atende a todos os requisitos e funcionalidades de um avental”, reforça Marta Neto.

A esta primeira técnica junta-se uma segunda: a fusão dos sacos plásticos pretos do lixo. Através de uma película adesiva unem-se as diversas camadas de tecido, criando uma superfície lisa, resistente, impermeável, versátil e de fácil separação numa fase de reciclagem.

Para a produção de um avental é possível utilizar 10 sacos plásticos de lixo e 210 gramas de resíduos têxteis da Trot.

“Um dos principais fatores positivos além dos estéticos, é a impermeabilidade deste produto, possibilitando que o mesmo seja limpo apenas com um pano húmido, visto não existir a necessidade de lavar”, conclui Marta Neto.

A NOWASTE é um dos seis projetos selecionados no âmbito do programa Be@t by Be@t – Bioeconomy at Textiles, promovido pelo BCDS Portugal, pelo CITEVE e pelo Plano de Recuperação e Resiliência, em parceria com a Moda Lisboa, com o intuito de promover soluções inovadoras, pretendendo marcar o ritmo na transição da indústria têxtil para a Bioeconomia sustentável.

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