É uma presença assídua nos ecrãs da televisão, mas também conhecida por se dedicar à culinária e à bricolage: Clara de Sousa. A reciclagem tem lugar em sua casa há quase 20 anos e na cozinha a palavra de ordem é não haver desperdício.

Desde 2011 que revelou a paixão que tem pela cozinha. Qual é o destino que dá ao desperdício alimentar?
Raras vezes tenho desperdício alimentar. Adequo a confeção às necessidades e, quando sobra, consumo no dia seguinte ou, nos casos em que posso congelar, congelo para posterior consumo. Também aproveito desperdício de legumes, por exemplo, cascas de cenoura, pontas de curgete, e outros, para fazer arroz com carne e legumes para os meus cães, dando-lhes refeições mais nutritivas.

Tem por hábito fazer a separação dos resíduos? Se sim, porquê e quando é que sentiu necessidade de o fazer?
Desde que construí a minha casa e vim morar nela, em 2001, que a projetei para algumas preocupações que já tinha, nomeadamente a separação dos resíduos. Há praticamente 20 anos que a minha cozinha tem um caixote do lixo com três setores para fazer a separação em casa, de plástico, papel e vidro. No caso dos lixos orgânicos, também nessa altura instalei um triturador para onde vão os resíduos orgânicos que, desta forma, não entram no lixo geral. Lembro-me que, na altura, não conhecia ninguém que tivesse um triturador e penso que, mesmo hoje em dia, há poucas casas que os tenham.

Existe alguma receita que não pode reciclar?
Penso que todas as receitas se podem reciclar ou reinventar, mas, continuo a preferir a forma original para que foram confecionadas. Mas, é claro que temos o grande clássico da reciclagem alimentar que é roupa velha no Natal e de que tantos gostam. O que não suporto é que se estrague comida e, se para isso, tiver de reciclar o que sobrou, claro que reciclo.

Dedica-se também à bricolage. Qual foi o maior improviso que já fez para reutilizar um material?
Vários, do prato com pé, ao candelabro de flores, à arvore de natal feita com uma palete de madeira, ao candeeiro escorredor ou à escada para mantas. Mas há um de que gosto particularmente e que é emblemático a esse nível, que é a moldura de rosas de cartão. Foi o projeto que fiz no ano passado para o dia da mãe e que tem neste momento a foto da minha mãe em criança. É mesmo muito especial para mim. As rosas de cartão são feitas com caixas de ovos e fica um trabalho incrível, na minha opinião.

Sendo jornalista, considera que tem uma responsabilidade especial em trazer a sustentabilidade para a ordem do dia? Se sim, porquê?
Quando a sustentabilidade é notícia, sim, claro. E tem sido. Acho que as campanhas de sensibilização devem ser feitas pelas entidades públicas e da sociedade civil. Os jornalistas tratam de notícias.

Que cuidados tem, em geral, para manter uma rotina mais sustentável na sua vida?
Tenho sempre atenção à poupança energética, ando sempre a apagar luzes que outros deixam acesas ao ponto de parecer algo obsessivo, mas não, é só algo que acho desnecessário, sair de um espaço e deixar as luzes acesas. Mudei as lâmpadas normais para led há uns anos. Tenho muito cuidado com o consumo de água, tomo sempre duches rápidos. Faço as máquinas de roupa depois da meia-noite para aproveitar o período de vazio, já que tenho a tarifa bi-horária. Além da separação de lixos e idas regulares aos ecopontos. E uma brutal redução do plástico, esse tem sido o esforço mais recente.

Qual seria a receita perfeita para o ambiente?
Uma real consciencialização e preocupação ambiental. Que não fosse só conversa, mas, sim, real ação ao mais alto nível. Podemos todos fazê-lo nas nossas casas no dia a dia, mas o grosso da ação que necessita de intervenção urgente para ter impacto significativo está nas mãos dos Estados e de uma restruturação dos modelos económicos que hoje temos.