A nutricionista Lillian Barros usa a alimentação como arma para criar um mundo com menos desperdício

Que cuidados tem no dia a dia para evitar o desperdício?
Uso muito o meu trabalho enquanto nutricionista para esta luta contra o desperdício, até porque a cozinha é uma das zonas da casa onde isso é mais visível. Tento cozinhar sempre em porções certas, por exemplo, para evitar que a comida se estrague. Quando sobra, condiciono tudo muito bem no frigorífico e acabo por recorrer bastante à congelação. Além disso, esforço-me por usar o alimento no seu todo. Com as cascas dos vegetais faço caldos de legumes, com as cascas da fruta infusões ou águas aromatizadas e até as cascas das batatas, quando postas no forno, dão umas chips deliciosas.

A alimentação saudável é uma aliada do ambiente?
Sem dúvida, comer saudável é uma forma de ser mais ecológico. Eu não sou vegetariana mas a minha alimentação é maioritariamente de base vegetal, até porque sei que a pegada ecológica da produção animal é muito superior à deixada pela produção de vegetais e legumes. Quem tem esta preocupação em comer mais frutas e vegetais, ao invés de carne e peixe, preocupa-se também com a origem dos alimentos. Prefiro sempre comprar produtos da época e a produtores locais, evitando assim o transporte de alimentos em  grande escala. Além disso, opto sempre que possível por alimentos biológicos, diminuindo assim o consumo daqueles que são cultivados com recurso a químicos.

Faz separação de resíduos?
Faço há mais de dez anos. No Algarve, onde nasci e cresci, o conceito de reciclagem não era ainda muito visível e, por isso, só quando me mudei para Lisboa, há mais de dez anos, é que comecei a separar os resíduos domésticos. Tenho caixotes diferentes para cada setor, mas não me limito a separar o plástico, o vidro e o papel. Também levo os óleos alimentares e a pilhas para os depósitos próprios que encontro nos hipermercados perto de casa.

Já é mãe e prepara-se para ser mãe novamente em breve. Tudo isso fez aumentar a sua preocupação com o ambiente?
Claro que me preocupa o futuro dos meus filhos, mas a minha preocupação em deixar o mundo mais limpo vem de há muito tempo. Eu sou do Algarve, sou do mar, sou da praia e lembro-me de, ainda em miúda, andar a recolher o lixo que as marés traziam. Muito antes de toda esta onda ecológica que agora se instalou e que, atenção, ainda bem que se instalou. É muito importante falar sobre o tema para que chegue aos que ainda não têm consciência da urgência em fazer algo de bom pelo ambiente.

Diga-nos três boas práticas das quais não abdica.
Andar de bicicleta em Lisboa é a primeira. Além de ser mais barato, porque poupo em combustível, estacionamento e ginásio, polui muito menos do que se optasse pelo carro. Manter uma alimentação o mais limpa possível, à base de frutas, vegetais e leguminosas é outro dos meus contributos e, por fim, evito o uso de plástico. É por isso que levo sempre os meus sacos de casa quando vou às compras.