Quer aprender a compostar? A Carolina Bianchi e os seus companheiros de equipa, Giulia Braghieri, Luana Garcia e José Pedro Santos explicam-lhe como. Para isso criaram a Muda Tuga, uma startup que está a desenvolver o primeiro compostor Bokashi português feito totalmente com materiais reciclados e que é ideal para ter dentro de casa.

A RECICLA esteve à conversa com a cofundadora do projeto que revelou algumas dicas ideais para quem quer começar a compostar.

Em que é que consiste a Muda Tuga?

A Muda Tuga é uma startup de inovação ambiental. O primeiro foco do nosso trabalho é a educação ambiental, porque não adianta simplesmente desenvolver um produto se primeiro não consciencializarmos as pessoas sobre a importância da compostagem. Por isso, para já, temos previsto começar cursos e workshops enquanto estamos a desenvolver o compostor.
O nosso compostor vai ser totalmente reciclado, pequenino e para dentro de casa. A ideia é que qualquer pessoa, não importa o quão pequeno seja o seu apartamento, possa ter um compostor e fazer a sua parte.
Este compostor utiliza um método japonês que se chama Bokashi e tem duas etapas: a primeira é a fermentação e a segunda é a compostagem em si. A vantagem deste método é que assim tanto se pode fazer toda a compostagem no apartamento, como se pode utilizar o compostor apenas para armazenar os resíduos sem que eles apodreçam. Estes vão fermentando de forma correta, e depois basta entregá-los a quem quer fazer o composto, caso não tenham intensão de o utilizar em casa.

Porque é que é importante compostar os nossos resíduos orgânicos?

A compostagem tem o potencial de reduzir até 50% dos resíduos que enviamos para aterro todos os anos. Ao fazer a compostagem estamos a reciclar nutrientes. Depois, ao invés de recorrermos às indústrias que produzem diversos fertilizantes químicos, reciclamos os nutrientes e eliminamos a necessidade de enviar produtos artificiais para o solo. Por fim, ao fazer este processo reduzimos em 90% a emissão de gases de efeito estufa, e isso é muito importante.

compostor de jardim

Quais são as duas regras mais essenciais que uma pessoa precisa para começar a compostar?

A primeira é: aprender a separar os resíduos e a armazená-los, porque quando uma pessoa os armazena corretamente eles não apodrecem antes de irem para compostagem.
A segunda regra é: ter muita paciência! É bastante comum errar em alguns passos quando se começa a fazer compostagem. Há muitos pormenores como a humidade do compostor, a localização do compostor…. Existem várias questões mesmo práticas que às vezes demoramos a aprender.

O que é que não se pode de todo colocar para compostar?

Bom, de todo mesmo é resíduos que não são orgânicos. Depois, depende do tipo de compostor que cada pessoa tem. Por exemplo, se as pessoas fizerem compostagem de jardim, podem colocar todos os resíduos vegetais, se fizerem a compostagem Bokashi, em casa, como tem uma forma de fermentação específica podem colocar-se até espinhas de peixe, queijo, etc.
No fundo não há resíduos orgânicos que não possam ser compostáveis a questão é qual o método que se está a utilizar e quais são as ferramentas que se têm para o fazer.

E o que é facilmente compostável e as pessoas desconhecem?

Muitas pessoas acham que não se podem colocar cinzas de carvão no compostor. No compostor de jardim, na verdade, não há problema, desde que seja uma quantidade reduzida.
A compostagem no fundo é uma questão de parcimónia. Se soubermos as quantidades que estamos a utilizar de forma a não causar desequilíbrio de nutrientes, não há problema.

Compostor DIY

O que considera que os Tugas, isto é, os portugueses devem mudar?

Penso que têm de mudar o conceito de colaboração, ou seja, por mais que o governo crie medidas 100% perfeitas, a separação de resíduos começa em casa. Por isso, 50% é trabalho nosso, em casa, e 50% é um esforço do governo para oferecer as ferramentas necessárias para que todos possam direcionar corretamente os resíduos. Ambos tem de colaborar. E é essa ponte entre dos dois que a Muda Tuga gostava de concretizar.