A atriz Inês Castel-Branco é adepta da reciclagem e está a aprender a compostar. Acredita que comprar roupa em segunda mão é o futuro e que as ações de sensibilização também têm lugar no palco.

Em 2013 lançou a Second chance e, mais tarde, a Food.art.clothes: O que a fez criar estas lojas de roupa em segunda mão?
Uma das indústrias mais poluentes do mundo é a indústria têxtil. Quase toda a gente tem roupa a mais no seu armário. A ideia destes projetos surgiu da minha sócia Sofia Roque, que viu o exemplo nas suas viagens ao estrangeiro e desafiou-me a repeti-lo em Portugal.
Ainda há alguma resistência em comprar em segunda mão, mas acho que é o futuro.

Faz a separação das embalagens? Há quanto tempo?
Faço, sim, e sou um bocado ditadora no que toca à separação. Já faço há muitos anos e sinto que ainda há muita desinformação sobre como fazer corretamente. E muitos mitos urbanos sobre a sua eficácia. O meu próximo projeto é fazer compostagem. Ando a aprender sobre isso.

Qual é a importância que atribui à reciclagem?
Cada vez mais utilizo reciclagem na minha vida. Desde comprar roupa em segunda mão, a passar as roupas do meu filho a outras crianças, a dar presentes que já foram meus a pessoas de quem gosto. Ao nível de separação de embalagens, infelizmente o plástico é um flagelo e foi quando comecei a fazer reciclagem que percebi a quantidade que consumimos por dia. Começamos a perceber o tamanho da pegada ambiental. Quando ganhamos essa noção começamos a mudar comportamentos, como usar sacos reutilizáveis, de pano por exemplo; começamos a comprar mais a granel e evitar, no supermercado, aquilo que vem totalmente embalado em plástico e sem qualquer sentido; a usar sempre a mesma garrafa de água, etc. É urgente pensar nestas questões para poupar o ambiente. De uma forma mais egoísta acho a reciclagem muito mais higiénica.

Em casa quem tem mais preocupações ambientais, a Inês ou o seu filho?
Os dois. Há coisas que ele me ensina. Felizmente, na escola dele há essa preocupação. Os alunos estão proibidos de levar embalagens no lanche, por exemplo. Têm a sua lancheira e não levam lixo.

Que outros hábitos sustentáveis fazem parte do seu dia a dia?
De há uns anos para cá deixei de atirar beatas para o chão. Confesso que foi o hábito mais difícil de todos, mas hoje já é impensável e, quando alguém o faz, faz-me imensa confusão. Tento usar o carro o menos possível. Não tomo banhos longos, nem deixo a água ligada desnecessariamente.

Enquanto artista e atriz, considera que o tema ambiental deve ser mais vezes chamado a palco?
Já devia ser há mais tempo, mas está a acontecer e com alguma rapidez. Cada vez mais, os ambientalistas têm uma voz ativa e as pessoas estão a perceber na pele as consequências que existem em maltratar a natureza. Além do espaço em palco, o trabalho tem de ser feito em casa, nos media, nas escolas, e em ações de sensibilização.