Joana Seixas é atriz e coautora do blogue I Met God She’s Green. Diz que o mundo precisa de “muitos ambientalistas imperfeitos”, porque “o importante é existir um esforço coletivo”.

A criação do blogue I Met Good She’s Green, juntamente com a atriz Madalena Brandão, partiu da Joana. Porquê este tema? 
Decidi desafiar a Madalena porque já tinha criado um blogue sozinha e achei que, para criar um novo projeto, tinha de ser partilhado. Para mim, era importante passar a existir essa dinâmica. Quanto ao tema da sustentabilidade, é urgente que este passe a fazer parte integrante do nosso dia a dia. Nós não somos jornalistas, somos apenas curiosas com muita vontade de partilhar as nossas descobertas, mas queremos deixar no blogue informações importantes, ideias inovadoras e, principalmente, pensamentos positivos.
O planeta não aguenta a pressão humana e os humanos não aguentam a falta de humanidade do capitalismo implementado nas economias mundiais; é, por isso, urgente rever as fórmulas das economias e encontrar outros sistemas que funcionem. No nosso blogue, queremos ir crescendo na partilha de soluções que nos conduzam, a todos os níveis, a um planeta mais sustentável.

Considera que é fácil adotar um estilo de vida alinhado com a sustentabilidade e o ambiente?
Sim, pode ser muito fácil, mas a primeira mudança, e talvez a mais difícil, não é prática, é uma mudança de consciência e, muitas vezes, esse é o trabalho que é necessário fazer. Devemos encontrar um ponto de identificação com as pessoas para que ganhem força para se juntarem a esta mudança de comportamento. Precisamos de muitos ambientalistas imperfeitos, vamos todos errar, o importante é existir um esforço coletivo cada vez mais alargado. Na prática, as mudanças são mais fáceis do que parecem, apenas precisamos de ter mais planeamento e interajuda.

Para quem quer começar a adotar hábitos mais saudáveis e sustentáveis, quais é que considera serem os primeiros comportamentos a mudar e porquê?
Claramente pensar em duas coisas: recusar e reduzir o lixo que produz. Para mim, estas são as chaves que podem realmente fazer a diferença. É importante utilizar todas as estratégias (e no blogue partilhamos várias) para aprender a recusar o desnecessário. Pensar duas vezes antes de comprar algo, pensar como e onde foi produzido, que embalagem tem e, assim, aprender a fazer escolhas verdadeiramente conscientes. É urgente mudar a nossa relação com o consumo. Ele deve e tem de existir, mas tem de ser muito mais consciente.

Para a Joana, quais é que são os principais cuidados para uma rotina diária mais sustentável? 
É fundamental planear as refeições e as compras, para que possamos ter cada vez menos desperdício. Eu gosto de estudar bem o que compro, para conseguir uma maior eficácia, ou seja, usar bem a roupa que compro, ter os produtos de beleza mais adequados e ajustados à minha pele, usar produtos equilibrados, sem toxinas e com modos de produção que respeitem o ambiente. Gosto de comer biológico, pois não só é mais saudável, como também contribui para uma menor contaminação dos solos, que já estão a ser um dos maiores problemas da sustentabilidade. Como em tudo na vida, é uma questão de equilíbrio conseguirmos fazer essa gestão no dia a dia e tornar a nossa rotina o mais sustentável possível.

Faz a separação das embalagens para reciclagem? 
Sim, claro! Há mais de 20 anos, desde que surgiram em Portugal os primeiros ecopontos que tenho essa preocupação.

Qual a importância que atribui à reciclagem?
É fundamental, mas tem de ser melhorada a vários níveis. Além de ainda ter de se especializar bastante, para se tornar mais eficaz, as empresas têm de passar a ser responsáveis pelo material que produzem, pois deviam ser elas próprias a reciclar o que produzem e se torna obsoleto. Por exemplo, os eletrodomésticos deviam ter uma tara de recuperação ou deviam ser alugados pelo cliente final de modo a garantir a sua devolução ao produtor, que, certamente, saberá melhor o que fazer com esses resíduos.