21, Dezembro 2022
Leila Teixeira motiva pelo exemplo a ter hábitos mais amigos do ambiente
É ativista, escritora, autora do livro “Defender o Futuro”, cofundadora do Raízes Mag, uma revista online sobre ambiente, e ainda fundadora e mentora do blogue Âncora Verde. Leila Teixeira procura, acima de tudo, sensibilizar e educar para a preservação ambiental. Em entrevista à RECICLA, conta como tudo começou e como tem sido a jornada até aqui. A propósito da quadra natalícia, deixa também as suas recomendações para que todos possam viver estes tempos festivos de forma mais consciente.
É ativista, escritora, autora do livro “Defender o Futuro”, cofundadora do Raízes Mag, uma revista online sobre ambiente, e ainda fundadora e mentora do blogue Âncora Verde. Leila Teixeira procura, acima de tudo, sensibilizar e educar para a preservação ambiental. Em entrevista à RECICLA, conta como tudo começou e como tem sido a jornada até aqui. A propósito da quadra natalícia, deixa também as suas recomendações para que todos possam viver estes tempos festivos de forma mais consciente.
Quando começou a sua caminhada por um mundo mais sustentável e o que a levou a mergulhar nestas questões?
Começou cedo, primeiro de forma inconsciente, pelos valores transmitidos pela família mais direta (como, por exemplo, reciclar, reutilizar, arranjar, não desperdiçar). Estes hábitos sempre foram, para mim, normais, algo que me foi incutido desde cedo. No entanto, a consciência da escala dos problemas ambientais que enfrentamos atualmente veio mais tarde, já no início da idade adulta, quando comecei a ler mais, pesquisar e a ver documentários que me fizeram questionar cada vez mais os paradigmas e sistemas em que vivemos.
Foi um caminho sem retorno. Não consegui mais ficar indiferente e, aos poucos, comecei a descobrir um novo lado de mim que não conhecia.
Agora diz estar “finalmente no caminho”. Como tem sido a jornada e qual a lição que tirou para a vida?
Foi um longo processo até chegar onde estou hoje. Inicialmente, o Âncora Verde era um projeto anónimo que só uma mão cheia de pessoas muito chegadas sabia que eu escrevia. Aos poucos, a ânsia de querer informar, passar a palavra e simplificar algumas questões relacionadas com ambiente e sustentabilidade sobrepuseram-se à minha timidez e ao medo de julgamento.
A jornada tem sido feita de altos e baixos, com momentos de muita partilha e reconhecimento e outros de maior reclusão. Ao longo do tempo, percebi que a forma como dizemos as coisas pode impactar positiva ou negativamente quem nos lê, afastando ou incentivando a juntar-se à luta. A linha é ténue, mas adaptar a minha mensagem e a minha comunicação tendo em conta princípios básicos, como o de ‘não julgamento’, fez a diferença no meu processo de crescimento.
No Âncora Verde compromete-se a “informar sem julgar e promover mudanças de comportamentos”. Como é que se motiva alguém a adotar hábitos mais sustentáveis?
A forma mais poderosa de se motivar alguém é através do exemplo. Muitas vezes, por mais bem-intencionado que seja o nosso discurso, a mensagem não passa da maneira que queremos, podendo criar barreiras à comunicação. Não foi fácil para mim entender isto no início, porque sentia uma urgência enorme em partilhar informação e ajudar a mudar hábitos e comportamentos dos meus leitores, mas aprendi que é fundamental respeitar o espaço e o tempo de cada pessoa, não esquecendo que todos temos somos diferentes. Existem muitos fatores que podem condicionar as formas de agir das pessoas e não devemos impor nem julgar por alguém não estar a fazer aquilo que nós sabemos que “está certo”.
Qual foi a pessoa mais difícil de ajudar a começar a dar passos mais amigos do ambiente e porquê? E qual foi a mais fácil?
Hmm, não sei nomear pessoas em específico, mas sim grupos de pessoas. Por exemplo, é sempre um desafio quando estamos a falar com negacionistas das alterações climáticas: por muito que expliquemos ou por muito bem documentados que estejamos, aquilo que dizemos parece não realmente interessar. Por vezes, é complicado lidar com a impotência que temos perante estas pessoas. Nestes casos, acredito que leis e regulamentações mais fortes podem fazer a diferença para moldar comportamentos e, aos poucos, os hábitos vão mudando.
Por outro lado, é muito gratificante interagir com pessoas de mente aberta, que querem aprender mais sobre os assuntos de que falo e que, ativamente e por iniciativa própria, começam a adaptar algumas das dicas que partilho às suas próprias realidades e possibilidades.
E no Natal é possível cumprir as tradições ao mesmo tempo que se tomam opções mais ecológicas? O que é o mais difícil de fazer?
É possível, desde que estejamos bem alertas para dois dos principais problemas desta época: o hiper consumismo e o desperdício alimentar. O Natal e as festas de fim de ano são, normalmente, alturas de muito exagero e convém estarmos cientes disso para conseguirmos tomar decisões que ajudem a colmatar estes problemas.
Acredito que o mais difícil esteja, sobretudo, relacionado com a oferenda de presentes, que se tornou quase uma “obrigatoriedade” para muitas pessoas. No entanto, também aqui podemos fazer diferente: oferecendo presentes úteis, que promovam estilos de vida mais sustentáveis e que incentivem a outra pessoa a mudar um ou alguns dos seus “velhos” hábitos. Sou muito apologista deste tipo de presentes. Outra excelente alternativa são as experiências, ou oferecer o nosso tempo e a nossa atenção a alguém especial. Há coisa mais bonita que isso?
O que faz para ter um Natal mais amigo do ambiente?
Sigo, naturalmente, as minhas próprias recomendações no que diz respeito aos presentes, mas tenho vindo também a adotar outros hábitos que me ajudam a ter um impacto menos negativo nesta época: por exemplo, reutilizar enfeites e fazer as minhas próprias decorações.
Se tivesse de dar três dicas para tornar a quadra natalícia mais sustentáveis, o que diria?
1. Fazer as suas próprias decorações de Natal: vai ver que é fácil e, no final, tem outro significado. Se tiver crianças na família, esta pode ser mesmo uma atividade bastante divertida!
2. Embalar presentes de forma mais responsável: se pensar bem, o papel de embrulho também não é mais do que um descartável…. Pode ser substituído por jornal ou tecidos. Já conhece a técnica japonesa Furoshiki? Fica a dica para ir espreitar ?.
3. Adotar uma política de zero descartáveis (quer sejam de plástico ou de papel): como é uma época em que, normalmente, as famílias se juntam para celebrar, pode-se cair na tentação de utilizar loiça e talheres descartáveis para facilitar na hora de arrumar a mesa da consoada. Tentar não o fazer, promovendo a utilização de loiça reutilizável.