É country manager da Too Good to Go, a aplicação que comemora agora um ano em Portugal. Madalena Rugeroni faz a separação das embalagens e até está a “estudar” como começar a compostar em casa. Diz que há “quatro princípios essenciais” no combate ao desperdício alimentar e deixa um conselho a quem quer começar a dar mais atenção a esta questão.

Quando surgiu o interesse pela sustentabilidade, neste caso concreto, pelo desperdício alimentar?
Foi apenas quando entrei para a Too Good To Go que tive noção da dimensão do problema. Foi este projeto que me deu visibilidade e foco em algo que está todos os dias à frente dos nossos olhos, mas que teimamos em não ver, em achar que é apenas um problema social ou económico. É tudo isso, e muito mais. E com uma dimensão e impacto muito maior do que imaginamos. Em Portugal, um milhão de toneladas de comida é desperdiçada por ano. Factos mais do que suficientes para nos motivar a mudar comportamentos. A missão da Too Good To Go passa, também, por alertar para a necessidade de pormos em prática novos comportamentos de consumo e um lifestyle mais consciente, comportamentos de compra que devem ser encarados como opções de rotina e de hábitos próprios de uma mentalidade de um consumidor consciente da importância do seu papel numa economia circular.

O que a fez juntar-se à Too Good To Go?
Foi o desafio de começar algo do início, e agora, passado um ano, ter a oportunidade de provar que esta solução, não só funciona no nosso mercado, como faz todo o sentido. Este desafio profissional revelou-se uma oportunidade única de fazer parte de uma missão forte, com um impacto real no nosso futuro.

Faz a separação das embalagens para reciclagem? Há quanto tempo?
Sim, desde que me lembro. Em casa dos meus pais sempre se fez. Mas, está na altura de caminharmos – e já estamos a fazê-lo – para os complementares seguintes, por exemplo, o como podemos ter mais acesso e ferramentas para fazer compostagem em casa.

Qual a importância que atribui à reciclagem?
A reciclagem é o primeiro passo de um comportamento individual de respeito, pelo ambiente e pelo próximo. Se não provarmos que somos capazes de dar este passo, de forma rigorosa e eficiente, todos os outros se tornam metas quase impossíveis.

Pode dar-nos alguns exemplos de práticas sustentáveis que adota no dia a dia?
Reduzir o consumo de carne; comprar produtos locais e sazonais; utilizar sobras no dia a dia e reaproveitar alimentos; idas mais frequentes ao supermercado; produtos perto de expirar mais visíveis no frigorífico. E, claro, usar a Too Good To Go!

Conhece bem a realidade inglesa, de outros países onde viveu e a portuguesa. Quais são os mais ecológicos? Porquê?
Não posso dizer com precisão quem é mais ou menos ecológico. Mas diria que o mais importante não é quem faz melhor, mas quem continua a inovar e a dar passos em frente na sustentabilidade e em princípios mais ecológicos, em termos individuais e coletivos.

O que se pode fazer mais, quer em Portugal, quer no resto do mundo, para continuar a combater o desperdício alimentar?
Podemos e devemos focar-nos em quatro princípios essenciais neste processo de combate ao desperdício, principalmente nas cidades, que é onde se concentra o maior número de pessoas e, consequentemente, de desperdício. São eles: separar, medir, redistribuir e transformar. Se estes princípios forem aplicados com eficácia tudo o resto se torna muito mais ágil.

E para quem começa agora a preocupar-se com esta questão, que conselho deixa e qual deve ser o primeiro gesto para não desperdiçar?
Diria, principalmente, que sempre que têm algum comportamento que já sabem que vai contra o ambiente, parem e pensem que esse bocadinho faz muita diferença.