Diana Castanheira é massagista, mas, desde que foi mãe, ainda não regressou ao trabalho. Optou por ser “mãe natural”, isto é, por tornar a maternidade um momento mais saudável e mais sustentável. No sentido de inspirar outras mães a fazer o mesmo, tem vindo a revelar nas suas redes sociais alguns dos passos que dá diariamente nesse sentido. 

Como é ser mãe natural e de que forma é que este estilo de maternidade se pode ligar a uma vida mais sustentável?
É dar importância às coisas mais simples que a vida nos dá; é não sair para ir comprar este mundo e o outro só porque está na moda, ou porque é giro. Vivermos com menos não significa que tenhamos menos que os outros. Reduzirmos, reutilizarmos e reciclarmos são hábitos essenciais para uma vida mais sustentável.

Os primeiros tempos de vida de uma criança conduzem, por norma, a uma pegada ecológica maior. Que ações considera que se podem adotar para diminuir o impacto ambiental?
A indústria têxtil é uma das mais poluentes, mas sabemos o quão rápido a roupa deixa de servir aos bebés, principalmente nos primeiros meses de vida; por isso mesmo, devemos apostar mais em comprar roupa em segunda mão. Se houver alguém que nos doe, melhor ainda, damos uma segunda vida àquelas peças de roupa e poupamos ainda mais o nosso orçamento. Depois, inevitavelmente, a roupa dos bebés irá a lavar mais vezes por se sujarem bastante e aqui devemos optar por detergentes ecológicos.
Na hora do banho, temos sempre tendência a ter inúmeros produtos de higiene para os nossos bebés. A pele de um recém-nascido é bastante sensível e quanto menos produtos usarmos, melhor. Lavar apenas com um sabão de azeite, por exemplo, e no final aplicar um creme hidratante feito de ingredientes naturais, sem aromas nem fragâncias. O cheirinho dos nossos bebés já é maravilhoso por si só. Temos também a questão das fraldas e das toalhitas. Hoje em dia, já existem fraldas reutilizáveis e podemos também optar por pequenos pedaços de pano embebidos em água, mantendo assim a pele deles saudável e prevenindo assaduras.
Por fim, os brinquedos. Dar preferência a brinquedos feitos de materiais mais sustentáveis, como os de madeira, feitos à mão, mais educativos e sem serem eletrónicos. Quanto menos tiverem mais cuidadosos serão com o que têm e concentram mais a sua atenção enquanto brincam, não se distraindo com inúmeros brinquedos à sua volta.

A alimentação também é uma peça importante numa vida mais natural, não só para os mais pequenos, mas para toda a família. Quais são os principais cuidados que adota e de que forma é que a alimentação saudável se liga à sustentável?
Na hora das refeições há que privilegiar ingredientes vindos diretamente da terra, evitando os processados e embalados. Os pacotes de fruta e os frascos de comida já preparados só vão gerar mais lixo e não são opções tão saudáveis quanto comer uma peça de fruta ou uma comida acabada de fazer pela mamã. Dou preferência a ingredientes biológicos, optando por comprar um cabaz semanal de frutas e legumes. Quando vou às compras, levo sempre os meus sacos reutilizáveis de vários tamanhos para poder trazer por exemplo pão ou outras frutas/ legumes que não tenha pedido no cabaz.
Os pequenos-almoços e lanches normalmente são panquecas ou crepes e fruta, preparados por mim. Estamos também a reduzir o consumo de carne, optando por incluir várias receitas vegetarianas na nossa alimentação. Quanto mais refeições preparadas por nós, com ingredientes vindos da terra e biológicos mais sustentáveis seremos.

A reciclagem faz parte das vossas rotinas?
Sim, sem dúvida! Aliás, foi o nosso primeiro passo neste caminho da sustentabilidade.

Em casa, miúdos e graúdos sabem as regras da reciclagem ou ainda há dúvidas?
Os miúdos ainda são muito pequenos, mas sim, vamos ensinando: de cada vez que querem colocar algo no caixote, indicamos em qual deles devem fazê-lo. Para nós, adultos, como fazemos reciclagem há bastante tempo, já é algo muito natural.

De que forma é que se pode ensinar e incutir às crianças desde pequenas este tipo de cuidados com o ambiente?
Devemos explicar como as nossas ações podem provocar um grande impacto ambiental, que não existe um planeta B e que devemos cuidar daquele que temos. As escolas são também uma ajuda bastante importante para esta sensibilização ambiental. Começar pela reciclagem já é um bom ponto de partida.

Diz-se que as crianças também ensinam muito aos adultos. Há alguma “lição” que os seus filhos lhe tenham dado em relação ao ambiente ou à natureza?
Sim. A darmos mais importância aos pequenos detalhes que nos rodeiam. Por vezes, as coisas mais simples são as mais belas, mais sustentáveis e mais económicas.