Diogo Branco é ator e embaixador da Associação Natureza Portugal (ANP/WWF). Preocupa-se em ter um estilo de vida mais sustentável, em transmiti-lo à sua filha e aos outros, pois acredita que “as pequenas ações fazem a diferença”.

Que papel deve um ator desempenhar na sensibilização do público para as causas ambientais?
Um ator, no sentido mais direto da palavra, pode procurar sensibilizar o público através da criação de espetáculos ou performances produzidas com consciência ecológica e até mesmo com alguma mensagem mais direta no próprio espetáculo. De resto, pode fazer o mesmo que qualquer outra pessoa com qualquer outra profissão: pode procurar informar-se sobre que coisas pode alterar no seu dia a dia que possam não ser as mais amigas do ambiente e pode, junto do seu círculo familiar e de amigos, promover essas alterações e essa consciência ambiental. Agora, um ator que, por sinal, tenha também alguma expressão nas redes sociais e alguma exposição pública (nem todos têm), pode usá-la para partilhar iniciativas, informações e até mesmo inspirar e promover a mudança através do seu próprio exemplo.

É difícil conciliar o trabalho com as preocupações com o planeta? Porquê?
Às vezes, pode ser difícil, sim. Dou um exemplo concreto: já trabalhei num projeto em que era obrigatório o uso das máscaras cirúrgicas por questões de segurança e eu, por norma, uso máscaras reutilizáveis e laváveis como forma de poupar o ambiente a um excesso de máscaras descartáveis. Ali não tinha alternativa. Pode existir mais um ou outro exemplo assim. De resto há sempre alternativas.

Que ações mais sustentáveis pratica diariamente no local de trabalho?
Por exemplo, em vez das garrafas de água individuais, geralmente fornecidas pelas produções, levo a minha garrafa reutilizável ou em vez de trabalhar com guiões de papel, que chegam a ir aos 200 episódios, cada um com bastantes páginas, investi num tablet e tenho vindo a trabalhar sempre nesse formato digital.

E fora dos momentos de gravações, o que torna o seu estilo de vida mais sustentável?
Procuro de forma ativa informar-me sobre o que posso alterar para ter um estilo de vida mais sustentável. Faço reciclagem e procuro ter atenção às opções mais sustentáveis, opções que não envolvam os plásticos de uso único, por exemplo. Sigo o site www.mudancaverde.pt que tem muita informação e dicas para coisas que podemos alterar no nosso dia-a-dia. Sou embaixador da ANP/WWF, faço inúmeros projetos com eles, à frente e atrás da câmara, uma vez que também filmo, edito e partilho nas minhas redes as iniciativas. Trabalhar com esta associação trouxe-me mais consciência de que as pequenas ações fazem a diferença, mas também que é essencial que as pessoas se envolvam nas decisões que o governo toma e que participem nos momentos em que ainda se estão a tomar, assinando petições, falando nas assembleias municipais, envolvendo-se na cidadania ativa.

Como inspira a sua filha para as questões ambientais?
Procuro inspirar pelo exemplo, garantido que a Ema vai percebendo as escolhas e opções que fazemos e os motivos por trás das mesmas. A Ema não sai de uma divisão da casa sem apagar a luz e sabe o porquê.

Já decorou as regras da reciclagem ou ainda precisa de “ponto”?
Os R’s? Recusar, Reduzir, Repensar, Reutilizar e Reciclar? Ou o que vai em cada contentor? Seja qual das opções for, já as decorei e aplico-as, sim!

Tem objetos provenientes de material reciclado?
Tenho blocos de papel reciclado que utilizo para escrever ou para a Ema fazer desenhos, tenho papel higiénico reciclado e sacos reutilizáveis feitos de material reciclado que utilizo para ir às compras. Ainda que não seja em material reciclado, tenho também alguns brinquedos que fiz com a Ema em que utilizámos algum material que iria para o lixo.

Além de representar, o Diogo gosta de cantar: se tivesse de escolher uma música relacionada com o ambiente ou com a sustentabilidade, qual seria e porquê?
Escolheria a música que fiz para a ANP/WWF, numa ação que visava consciencializar as pessoas para o uso excessivo do plástico, chamada “O Maior Vilão de Sempre”. A letra da canção foi feita pela agência criativa NOSSA e a melodia e interpretação são minhas. Escolho esta simplesmente porque é a que tem a mensagem ambiental mais direta, das músicas que eu conheço, pelo menos.