“Sonho com um mundo energeticamente eficiente, sustentável e renovável”. São palavras da atriz Marta Faial, que procura, através de pequenos gestos, contribuir de forma positiva para a sustentabilidade. E, sempre que possível “sem impingir ou forçar”, propõe-se inspirar quem a rodeia a ter “mais consideração pelo próximo, pelo ambiente e pelo planeta”.

A Marta representou recentemente o papel de uma personagem que defendia um estilo de vida mais sustentável. Esse trabalho influenciou a sua maneira de olhar para as causas ambientais ou o seu background anterior é que ajudou a moldar a personagem?
Desde pequena, por motivos profissionais ou pessoais, os meus pais tiveram de se mudar com frequência e isso fez com que tivesse a oportunidade e o privilégio de crescer e viver em vários meios e em várias casas, fossem elas na cidade, no campo ou na praia. Sempre tive uma grande consciência ambiental, sempre quis salvar ecossistemas, sempre adorei animais, e desde sempre me foram incutidos valores importantes, como a preservação do ambiente, o respeito pelo próximo, a reciclagem e reutilização de materiais. Assim sendo, todo o meu background serviu para ajudar e dar vida à minha última personagem e não o contrário, mas é óbvio que, ainda assim, a “Sandra” acrescentou e em muito à minha consciência ambiental, especialmente na sua vertente mais vegana, que não o sou, mas fez-me reduzir consideravelmente o consumo de carne.

Quais são as ações ou atividades que tornam o seu dia a dia mais sustentável?
Não sou uma pessoa extremista, mas tento fazer a diferença sempre que me é possível.
Entre outras mil coisas no meu dia a dia, em casa, para armazenamento de alimentos e outros, opto por frascos e recipientes de vidro. Sempre que vou às compras levo sacos de pano, para não comprar de plástico. Também não uso as máquinas de lavar loiça ou roupa sem estarem cheias, para que não haja desperdício energético e de água. Sempre que lavo os dentes ou tomo banho, fecho a água quando não a estou a utilizar. Reutilizo a água retirada do desumidificador para regar plantas, ou para equipamentos que necessitam de água destilada.

Reduzir, reutilizar ou reciclar, qual é o R a que recorre mais vezes por semana?
Tento fazer um pouco dos três, mas ao que mais recorro é à reciclagem.

Imagem: Tiago Ventura Sales

E qual a importância que atribui à reciclagem?
Para mim é, e será sempre, importante reciclar. Está nas nossas mãos, nas mãos de cada um, fazer a diferença, por mais pequena que seja. O nosso planeta está a ficar sem recursos cada vez mais cedo, e, se isso já me preocupava e assustava um pouco, agora que vou ser mãe ainda mais!
Quero que os meus filhos vivam num mundo que seja respeitado, equilibrado e que tenham a oportunidade de conhecer e ver espécies e biodiversidades que agora existem, mas que, caso não haja mudança, podem desaparecer, como tantas outras nos últimos 10 anos. Sonho com um mundo energeticamente eficiente, sustentável e renovável. Tenho consciência de que é algo utópico, mas ter esperança e fé num futuro melhor é algo que não posso abandonar.

Tem algum objeto ou produto que seja proveniente de material reciclado?
Tenho vários, desde peças de roupa, mochilas, mobiliário…

Já inspirou alguém a adotar diferentes ações para se tornar mais sustentável também? Quem e porquê?
Sempre que posso faço-o. A ninguém em específico, por vezes sinto que tenho de passar essa mensagem e faço-o. Seja a dar o exemplo, como apanhar lixo na praia, num jardim, na rua, ou a guardar o lixo que fiz na mala até estar perto de um caixote, em vez de me descartar dele onde quer que seja, assim como ao recordar alguém de que existem cinzeiros e caixotes de lixo e que as pastilhas elásticas deitadas fora são um enorme perigo para os pássaros. Sempre que posso e à minha maneira, sem impingir ou forçar, tento que quem me rodeia tenha mais consideração pelo próximo, pelo ambiente e pelo planeta.

As questões ambientais e de sustentabilidade davam uma novela? Porquê?
Sem dúvida. Existem várias abordagens que podiam ser adotadas a um guião! Para mim, as novelas, séries e filmes também têm como função a componente educacional: a de expor realidades e situações por vezes tabus ou desconhecidas à sociedade. E se antigamente, com a pouca informação que tínhamos, já íamos tendo consciência do impacto que o nosso estilo de vida tinha no planeta, com a chegada de filmes, documentários e séries, muita gente acordou e percebeu que é tempo de mudança antes que seja tarde demais. Cada vez mais, temos as provas de que o planeta está em perigo. As nossas ações levam ao aquecimento global, à exploração animal e agrícola excessiva e com pesticidas, que envenenam os nosso solos e águas. A desflorestação das nossas maiores florestas extingue espécies inteiras e reduz a capacidade de produção de oxigénio do planeta. Todas as alterações climáticas adjacentes ao chamado efeito estufa…. É todo um mundo de assuntos muito facilmente adaptáveis a um guião, especialmente porque são a nossa realidade e a ficção, em grande parte, espelha a realidade.