O que têm em comum a ativista Ana Milhazes, o chef Fábio Bernardino, a cofundadora da marca Mind The Trash, Catarina Matos, e a especialista em minimalismo Cláudia Ganhão? Todos procuram tornar esta quadra mais sustentável. Enquanto Ana opta por não oferecer presentes, Fábio preocupa-se com o desperdício alimentar, Catarina reaproveita tudo o que pode e Cláudia procura um consumo consciente.

A autora do blogue “Ana, Go Slowly” e fundadora do movimento Lixo Zero Portugal, Ana Milhazes diz-nos que a sua visão de sustentabilidade “passa por consumir menos”. Por norma, não oferece presentes no Natal. “Acima de tudo, ofereço a minha presença com os amigos e com a família, para mim é o mais importante e isso, sim, é que é o espírito do Natal”, refere. Na sua opinião, um Natal mais sustentável passa por agir de uma forma semelhante às dos restantes dias, por exemplo, “não usar guardanapos de papel nem louça descartável”. Outras ações que tornam a sua quadra natalícia mais ecológica passam por “reutilizar todos os adereços e decorações; tentar ter cuidado para não haver sobras de comida e o que houver reaproveitar; reaproveitar embrulhos, caso haja presentes, e se precisarmos de embrulhar usar cordel em vez de fita-cola”. Ana deixa também algumas sugestões para que todos possam tornar esta época um momento feliz para o ambiente, como oferecer presentes em segunda mão, fazer eventos de trocas de Natal com coisas que já não façam falta, como roupas ou acessórios, ou ainda trocar, entre famílias, adereços e decorações para serem sempre diferentes e, ao mesmo tempo, reaproveitados.

Ana Milhazes

O chef Fábio Bernardino, autor do livro “Natal Saudável com Zero Desperdício”, explica que o que torna a sua quadra natalícia sustentável é a utilização de produtos da época e nacionais. “Procuro sempre incorporar as frutas e legumes da época na minha mesa de Natal. Além de mais saborosos e nutritivos, são também mais económicos e têm menor impacto ambiental, pois a produção e o transporte dos alimentos são dos principais contribuintes para a emissão total de gases com efeito de estufa”, refere. Segundo o chef, outro aspeto que o caracteriza é a utilização dos alimentos com casca, uma vez que, assim, se evita o desperdício e “se mantêm também mais fibras, vitaminas e minerais nas refeições, aliando a alimentação saudável e sustentável”. Outra medida que tem por hábito adotar é a procura de produtos certificados, como é o caso do pescado sustentável, sobretudo o bacalhau, nesta época do ano. No sentido de ajudar os outros a tornar o Natal mais amigo do ambiente, o chef sugere que se consumam produtos locais e de proximidade e que se reaproveitem os excessos. “Têm sobras de bacalhau? Façam uns hambúrgueres de roupa velha. Para mais ideias podem sempre consultar a minha página @chef_fabiobernardino, onde vão encontrar saborosas receitas para se inspirarem”, acrescenta. Fábio Bernardino deixa também um apelo ao gasto excessivo de água: “Sabemos que, na cozinha e durante a confeção, utilizamos a água como recurso para inúmeras tarefas, mas, com alguma disciplina e organização, podemos ter um menor impacto”, conclui.

Fábio Bernardino

Catarina Matos, fundadora da loja e blogue Mind The Trash, afirma que “o Natal para o nosso planeta deve ser todos os dias e, por isso, o melhor presente que lhe posso dar é a promessa de que vou fazer o que estiver ao meu alcance para consciencializar as pessoas que estão à minha volta, para os problemas ambientais que atravessamos. Promete continuar as suas ações sustentáveis, desde logo promovendo a ideia de que o Natal não é uma época de comprar presentes. “Vejam-no antes como uma oportunidade para estarem com a vossa família, a passar bons momentos e guardarem boas memórias”, apela. Para tornar esta época sustentável, diz ter maior atenção ao que compra. “Reutilizo jornais e outros materiais para os embrulhos. As decorações também são aproveitadas de materiais naturais ou reutilizadas. Por exemplo, o meu presépio foi feito por uma artesã portuguesa com cápsulas de café usadas”, afirma. Catarina Matos sugere também que se reutilize a árvore, os embrulhos e as decorações dos anos anteriores e deixa uma ideia: “Façam os vossos presentes de Natal! Não nos podemos esquecer que um presente também pode ser uma experiência, não precisa necessariamente de ser algo material”.

Catarina Matos

Cláudia Ganhão é licenciada em Química, mas há alguns anos tornou-se adepta do minimalismo e mudou o seu percurso profissional. Agora dedica-se ao seu projeto e blogue e motiva os seus leitores a ter uma vida mais simples. Para tornar o seu Natal mais sustentável aposta sobretudo no consumo consciente e na regra de dizer não aos excessos, sejam eles alimentares ou materiais. “As compras devem ser ponderadas, analisadas e devem ter em consideração a parte ambiental e de sustentabilidade. O desperdício alimentar é também uma das minhas grandes preocupações e um dos grandes flagelos do nosso planeta. Há imensa gente a passar fome, portanto, não faz sentido nós desperdiçarmos comida”, refere. Para Cláudia, “não faz sentido consumir só por consumir”, por isso, afirma que este ano o seu presente para o planeta será consumir apenas aquilo de que necessita. E para que outros possam também tornar esta quadra mais sustentável, deixa duas ideias: “fazer presentes caseiros, como compotas, bolachinhas ou licor e reutilizar materiais, para os embrulhar”.

Cláudia Ganhão