Sofia Cotrim: “Adorava dizer que sou mega ecológica, mas não sou. Tento ser”

É provavelmente no meio de ferramentas e de latas de tintas que conhece Sofia Cotrim. Além de dar uma segunda vida a muitos objetos do quotidiano, a bloguer recicla desde que o tema começou a surgir em Portugal. Ainda assim, há mais hábitos sustentáveis que pretende aparafusar na sua vida.

O que a levou a criar o blogue “Mundo de Sofia”?
Na altura em que eu lancei o programa, existiam imensas explicações que eu dava e que não podiam ser compreendidas na televisão, então criei o blogue, porque precisava de uma base digital onde pudesse explicar melhor algumas coisas, nomeadamente, como colocar moldes. Às vezes, acontece ao contrário: primeiro existe o blogue, que dá origem ao programa. Mas, no meu caso, foi mesmo uma necessidade que senti: o blogue acabou por ser uma maneira de organizar tudo aquilo que fazia na televisão.

Qual é o objeto que tem em casa a que mais gostou de dar uma segunda vida?
Uma das coisas que eu mais gostei de reutilizar foi um pufe de tecido que estava super sujo. Agarrei numa tinta de parede e pintei-o todo. Ficou com um ar novo, está super lavável e muito resistente. Antes, era uma coisa feia que, provavelmente, iria para o lixo se eu não a tivesse pintado.

Faz a separação das suas embalagens usadas? Se sim, desde quando e porquê?
Claro! Faço há muito tempo, desde que se começou a falar de reciclagem que tenho caixotes com tudo separadinho. Ainda assim, adorava, por exemplo, reciclar outro género de coisas, como fazer o tratamento do lixo orgânico. No entanto, em famílias que não são propriamente pequenas, a ideia de reciclar e de reutilizar este tipo de resíduos na prática é muito difícil.

Para si, quais são as vantagens de reciclar?
Nós não podemos ficar rodeados de lixo e, portanto, tudo o que pudermos reciclar, reutilizar e reaproveitar é uma mais-valia! No entanto, gostava de conseguir dizer todos os benefícios da reciclagem, mas não consigo.

Encontra alguma dificuldade no processo de separação dos resíduos?
Não, mas é óbvio que há algumas coisas em que tenho dúvidas, como é o caso do papel vegetal que utilizo quando faço bolos em casa. Eu acho que, no geral, é algo relativamente fácil. Ainda assim, a minha maior curiosidade em relação ao tema é conseguir perceber se, de facto, todo o trabalho que nós temos em separar os resíduos nas nossas casas depois tem um bom tratamento por parte das empresas de reciclagem. Gostava mesmo de saber se adianta alguma coisa o nosso trabalho. É óbvio que é nosso dever reciclar, mas gostava de perceber o que acontece depois.

Foi precisamente para responder a essas e outras dúvidas que a SPV lançou um conjunto de vídeos, simples, mas muito úteis. Fica a sugestão…

Continuando: que outros cuidados tem para uma rotina diária mais sustentável?
Adorava dizer que sou uma pessoa mega ecológica, mas não sou. Tento ser. Custa-me a ideia de prescindir de algumas coisas, ainda assim há algumas que já consigo fazer:

• Gosto muito de comprar todos os frescos em mercados, por várias razões. Primeiro porque é mais fácil para comprar sem plásticos. Depois, porque faz-nos valorizar um bocadinho mais o que é nosso, pois estamos a comprar diretamente ao produtor;
• Substitui o gel de banho, cá em casa, por sabonetes;
• Faço o meu detergente multiusos. Utilizo as cascas de citrinos, junto-lhes um bocadinho de vinagre e de sabonete ralado. Essa mistura fica a maturar durante dois meses, e depois coo para criar o spray multiusos. É ótimo para limpar as bancadas da cozinha!

Que cuidados sustentáveis tem com os seus filhos? Eles já começam a perceber a importância de preservar o ambiente?
Há mudanças de hábitos que são importantes e eles percebem isso. Por exemplo, os miúdos não têm problemas em utilizar roupas que já foram dos irmãos, ou dos primos. Eu acho que tudo o que nós pudermos reutilizar e reaproveitar de uns para os outros é bom, tanto a nível financeiro como ambiental. Outro exemplo são os brinquedos. Os meus filhos recebem imensos brinquedos em bom estado e brincam com eles, como é o caso do LEGO: muitos dos que têm eram da minha cunhada que já tem 22 anos. Os miúdos usam aquilo durante 3, 4, 5 anos e depois já não os querem, mas os brinquedos continuam ótimos, então vamos passá-los! Não há mal nenhum nisso! Eu digo imensas vezes, quando querem dar um presente aos meus filhos, que prefiro que comprem uma caixinha pequenina de qualquer coisa boa que saibam que eles vão gostar, do que gastem dinheiro em coisas enormes cheias de plástico. No entanto, é completamente irreal a história de brinquedos sem plástico. Óbvio que é ótimo reduzir o consumo, mas não tem mal que os miúdos brinquem com bonecos de plástico, o importante é que as coisas sejam boas e que tenham uma outra vida a seguir, a serem utilizadas pela primeira vez.

Sente que consegue influenciar os seus seguidores a darem uma segunda vida aos objetos que têm parados em casa?
Espero que sim, pelo menos é um dos objetivos do blogue. Nós vamos ensinado tantas coisas e vamos dando tantas dicas, que eu espero que alguma coisa fique retida.