Quando eu tinha 8 anos o mundo parecia grande demais para o meu tamanho, e pequeno para todos os meus sonhos. Brincávamos na rua com amigos, jogávamos à apanhada, às escondidas, corríamos sem noção de tempo ou de espaço. O mundo era lá fora, era verde e era saudável.
Por outro lado, havia cada vez mais estímulos: brinquedos de todos os feitios e tamanhos, um mundo de plástico que oferecia infinitas possibilidades de diversão – fácil e barato. Tínhamos entrado na era de consumo rápido e acessível, onde “mais era melhor”. Seduzidos pelo storytelling das frentes das embalagens de cereais, dos ecrãs das televisões da sala com anúncios que mais pareciam trailers… sim, eram os fantásticos anos 80 – uma ode à produção em série de estímulos visuais e sonoros.
Hoje, vejo o mundo pelos olhos do meu filho, também ele agora com 8 anos, e sei como tudo está tão diferente. Sinto uma enorme responsabilidade nessa diferença. Mas não há tempo para olhar para trás, temos que agir e evoluir.
Quero que ele acredite que há motivos para lutar, dar-lhe esperança, que tenha vontade de fazer parte da mudança. Quero que seja consciente, quero que seja responsável, que entenda que cada um de nós tem nas mãos o potencial e a capacidade de mudar o mundo e torná-lo melhor. Mais do que querermos ser sustentáveis, temos que ser ativistas. Nunca as nossas escolhas fizeram tanta diferença, temos que pesquisar, estudar, escolher, entrar a fundo nas questões. Optar por comprar menos, reutilizar, escolher os materiais certos, reciclar sempre, promover a inovação e o equilíbrio social e ambiental, apoiar atitudes, movimentos e marcas que de facto façam a diferença.
Esta vontade estende-se ao meu dia a dia na Winicio. Tenho (temos) a responsabilidade de levar a criatividade na direção certa. As nossas escolhas, ao aceitar cada projeto ou cliente, estão intrinsecamente ligadas ao impacto que o mesmo terá no mundo. Temos que acreditar no projeto e nas intenções do cliente, isso será sempre um objetivo maior. E trabalhar lado a lado com clientes como a Sociedade Ponto Verde faz com que essa demanda seja real. Há um sentimento coletivo de que juntos, através de cada campanha e mensagem, caminhamos para um futuro melhor e mais sustentável.
Eu com 8 anos. O meu filho de 8 anos.
E se estas duas crianças de gerações tão diferentes se encontrassem, que mensagem deixariam?
“O mundo continua a ser lá fora, mas o futuro começa cá dentro, em cada um de nós.”
Filipa Alves
Diretora Criativa – Winicio