Fã de caminhadas ou de corrida? Nenhum dos dois, mas não passa sem utilizar um bom par de ténis? E quando estes se estragam, o que faz com eles? Não os deite fora. É que há um projeto que dá uso a dois dos três “R”, o de reparar e o de reutilizar. Foi assim que Luís Ferreira criou a Re-shoes.

“A Re-shoes tem como objetivo prolongar a vida do nosso calçado. O que calçamos está sempre em contacto com o chão, suja-se mais do que qualquer outra peça de roupa. É muito mais fácil de danificar e de automaticamente nos fazer pensar em comprar novo”.

É para contrariar esta ideia e para prolongar a vida dos sapatos de alguém que Luís Ferreira abre a sua loja todos os dias.

Reparar calçado: a profissão que começou numa lavandaria

Luís mergulhou neste mundo algum tempo depois de se juntar aos pais e de os ajudar nas lavandarias que possuem. Foi aqui que ganhou não só técnicas como curiosidade pelos têxteis, procurando, em 2016, uma formação na área. Já com mais know how no assunto, abriu a sua própria lavandaria.

“Durante os sete anos em que tive a lavandaria explorei muitas capacidades: limpeza a seco, tingimento, pinturas, restauro das oxidações, etc. Dentro deste mundo percebi que ninguém tratava do calçado”, explica.

Abriu o leque de serviços da lavandaria e acrescentou-lhe a reparação de ténis e outros sapatos. “Começo a aplicar todas as técnicas que tenho e todas as mezinhas que conheço na parte do calçado, vejo que corre bem e em 2018 crio a Re-shoes”, descreve o empreendedor.

Começou por ser um trabalho de segundo plano no anexo de casa, mas rapidamente ganhou importância na vida de Luís. Assim, em 2021, trespassou a lavandaria e dedicou-se a 100% à recuperação de calçado.

Reparar para reutilizar também é ser mais sustentável

Prolongo a vida do calçado com 100 ml de água e 6 gotinhas do meu produto. Lavo um par de ténis e prolongo-lhes a vida, pelo menos, por mais dois anos. Ainda tenho ténis que reparei em 2018 e ando com eles como se fossem novos”, conta.

A procura pela recuperação de calçado começou a aumentar e o anexo onde trabalhava tornou-se pequeno. “Precisava de espaço e fazia todo o sentido ter uma loja. Gosto muito de falar com as pessoas, de perceber o que pretendem, saber a história que o calçado possa ter”, justifica Luís.

“Gostava também que se olhasse para este conceito como uma coisa bonita de se ver, porque os sapateiros estão a acabar e vão levar estas mezinhas, estas horas e horas de trato de calçado com eles. Era bom que isso não desaparecesse e se conseguisse manter”, deseja.

Foi a olhar para o futuro do seu projeto que, no início deste ano, Luís Ferreira, acompanhado pela mulher, abriu as portas da sua “oficina” ao público.

“Como a Diana sempre quis ter um cafezinho com espaço para as suas receitas decidimos abrir a loja onde estamos agora, no Parque das Nações, a Re-shoes e a Re-sugar”.

O espaço é, assim, um 2em1. Aqui pode beber um café, tomar o pequeno-almoço ou almoçar, ao mesmo tempo que deixa os sapatos, os ténis ou as botas a arranjar. Quando estiverem prontos, não se esqueça de levar um saco reutilizável ou a própria caixa de sapatos, pois aqui a aposta é na reutilização.  

Invista nos R’s de recuperar e reutilizar antes de comprar um artigo novo. Aplique esta regra no calçado e na roupa também. Adotar o conceito de slow fashion, é uma alternativa sustentável no mundo da moda e surge em oposição à expressão fast fashion. Reutilize, repare e dê um passo para desacelerar a moda.